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sexta-feira, 25 de abril de 2025

Vertentes da Capoeira Carioca da dec de 20 a 40









Mestre Zeca Floriano vertente da Capoeira Carioca dec de 20 a 40

A temática do Professor Elton Silva, que sabiamente, explana sobre os caminhos da Capoeira Desportiva e seus principais atores e construtores, através dos tempos, nos mostra ,quanto vale apena ,adquirir os livros da coleção Muito antes do MMA . O primeiro Presidente, a ter conhecimento oficial da capoeira como luta metodizada, através do Mestre de capoeira Zeca Floriano ,filho do Presidente da República Marechal Floriano Peixoto ,foi o presidente Washignton Luis , em 1929 como comprova o Jornal Vida Carioca em 01/02/1929.Portanto, não foi o saudoso Mestre Bimba ,o primeiro Mestre de Capoeira, a levar para o Governo federal ,o conhecimento da Prática da capoeira em recintos fechados ,ou seja ,a Presidência da República ,a capoeira,como luta de ataque e defesa e ginástica nacional.

𝗠𝗲𝘀𝘁𝗿𝗶𝘀𝘀𝗶𝗺𝗼 𝗣𝗮𝘂𝗹𝗮̃𝗼 𝗠𝘂𝘇𝗲𝗻𝘇𝗮 .
𝗖𝗼𝗻𝗳𝗲𝗱𝗲𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗕𝗿𝗮𝘀𝗶𝗹𝗲𝗶𝗿𝗮 𝗱𝗲 𝗣𝘂𝗴𝗶𝗹𝗶𝘀𝗺𝗼 - 𝗥𝗚 𝟯𝟭  𝗗𝗲𝗽𝗮𝗿𝘁𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗘𝘀𝗽𝗲𝗰𝗶𝗮𝗹 𝗱𝗲 𝗖𝗮𝗽𝗼𝗲𝗶𝗿𝗮 / 𝟭𝟵𝟳𝟯.

Durante minha primeira participação no Conect Cast, afirmei que a Capoeira baiana, tal como era praticada antes da sistematização proposta por Mestre Bimba (já fortemente influenciada pelo modelo esportivo carioca), muitas vezes se apresentava como uma espécie de “brincadeira”. Esse termo, vale lembrar, era amplamente utilizado por cronistas, folcloristas e estudiosos para descrever a prática em diversos contextos. No entanto, minha colocação gerou críticas severas por parte de alguns tradicionalistas, mestres e praticantes, especialmente vinculados à vertente da Capoeira Angola. Fui até mesmo xingado por defender esse ponto de vista. O curioso é que essa leitura está longe de ser inédita. Já nas décadas de 1930 e 1940, folcloristas como Edison Carneiro e Renato Almeida registravam, de forma clara, percepções semelhantes sobre a Capoeira. Em suas análises, destacavam as múltiplas formas regionais da prática e chamavam atenção para o processo em curso de construção da ideia de uma Capoeira “pura” e “tradicional”, frequentemente identificada com a Bahia. Para esses estudiosos, a Capoeira possuía múltiplas formas e interpretações, muitas delas marcadas por um forte componente lúdico, performático e festivo, traços que contrastavam com o modelo esportivo e combativo que ganhava espaço no Rio de Janeiro no início do século XX, especialmente por meio da escola de Mestre Sinhozinho e de seus contemporâneos, como Zuma, Zeca Floriano, Jayme Ferreira e o professor Mário Aleixo. Enquanto no Rio a Capoeira se alinhava a métodos de preparação física e combate real, na Bahia ela se mantinha, em muitos aspectos, como uma prática de exibição, ritual e jogo simbólico, o que não diminui sua complexidade, mas a insere em um outro modelo cultural. Edison Carneiro descreve a Capoeira baiana como uma prática essencialmente lúdica, coletiva e performática, uma “brincadeira” mais do que uma luta. Em suas observações, os “capoeiras” da Bahia “se divertem fingindo lutar”, o que demonstra um jogo mais marcado pela teatralidade e pela convivência do que pela violência. 
Essa forma de Capoeira se contrapõe àquela praticada no Rio de Janeiro, onde a luta aparece como instrumento de autodefesa e sobrevivência em meio à violência urbana herdada do século XIX. Renato Almeida reforça essa visão ao afirmar que a Capoeira cultivada na Bahia possui “interesse particular”. Ele dizia que fora da Bahia, seus passos serviriam apenas para lutas corporais, desprovidos do valor simbólico, folclórico e cultural que estavam enraizados no contexto baiano. Assim, reconhecer esse modelo lúdico da Capoeira não significa negá-la como luta, mas sim compreender a complexidade de sua trajetória histórica, feita de equívocos, reinterpretações e disputas simbólicas que atravessaram o tempo.
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𝗣𝗿𝗼𝗳𝗲𝘀𝘀𝗼𝗿 𝗘𝗹𝘁𝗼𝗻 𝗦𝗶𝗹𝘃𝗮 .
𝗘𝘀𝗰𝗿𝗶𝘁𝗼𝗿 𝗲 𝗣𝗲𝘀𝗾𝘂𝗶𝘀𝗮𝗱𝗼𝗿.

𝙈𝙚𝙨𝙩𝙧𝙚 𝘿𝙧 𝙝𝙘 𝙑𝙞𝙘𝙩𝙤𝙧 𝙋𝙚𝙥𝙚 
𝙀𝙢𝙗𝙖𝙞𝙭𝙖𝙙𝙤𝙧 𝙄𝙢𝙤𝙧𝙩𝙖𝙡 𝙙𝙖 𝙋𝙖𝙯 
𝘿𝙚𝙡𝙚𝙜𝙖𝙙𝙤 𝘾𝙪𝙡𝙩𝙪𝙧𝙖𝙡 𝙙𝙖 𝙊𝙈𝘿𝘿𝙃 
𝘾𝙖𝙙𝙚𝙞𝙧𝙖 𝙞𝙣𝙩𝙚𝙧𝙣𝙖𝙘𝙞𝙤𝙣𝙖𝙡 𝙉 𝟵𝟮



 

domingo, 20 de abril de 2025

Esquadrao Zuavos








 Os Zuavos da Bahia


Os Zuavos Baianos, oriundo dos Voluntários da Pátria, era unidade composta só de homens negros. Seus vistosos uniformes, segundo Gustavo 

Barroso, lembravam os dos zuavos franceses da Argélia. Eles vieram para o teatro-de-guerra em maio de 1865, no navio "São Francisco" (antigo 

"Cotopaxi", americano), em número de duas ,companhias. Com eles, o ilustre 1 º Ten de Engenheiros André Pinto Rebouças, da Comissão de Engenheiros do 2º Corpo de Exército ao comando de Osório. 


André Rebouças, após sair do Exército depois de um ano na Campanha do Paraguai, aliou-se, em 1880, a Joaquim Nabuco e veio a tornar-se um dos maiores abolicionistas; comparticipação relevante na causa de libertação dos negros no Brasil. O fato de haver seguido para a guerra em companhia de seus irmãos de cor e co-provincianos baianos é muito significativo. 


A despedida dos zuavos no Rio de Janeiro contou com o prestígio das presenças de D. Pedro II e do Ministro da Guerra Angelo Ferraz, mais tarde Barão de Uruguaiana. 


Eles se encontrariam com o Imperador cerca de 4 meses mais tarde, por ocasião do sítio e rendição dos paraguaios, em Uruguaiana, de cujo dispositivo fizeram parte.


Cândido Lopes, ao focalizar o acampamento de Curuzu, após conquistado pelos paraguaios, focalizou alguns grupos de zuavos da Bahia entre as tropas. Eles tiveram papel destacado na conquista das trincheiras de Curuzu, segundo Arthur Ramos, em "O Negro como Soldado."


O capitão capoeira Marcolino subiu a muralha inimiga por sobre as costas de um de seus soldados, retirou uma bandeira paraguaia, hasteou o pavilhão verde-amarelo no seu lugar e,

segundo Manoel Querino, anunciou: “Está aqui o negro zuavo baiano!” A coragem do Zuavo Marcolino foi louvada em ordens do dia, registrada naimprensa do Rio de Janeiro e de Salvador, e posteriormente lembrada por folcloristas, entre eles Querino


Os zuavos integraram, no início da guerra, cerca dos 57 Batalhões de Voluntários da Pátria, os quais, com· as baixas ocorridas durante a guerra foram se fundindo e se reduziram a 19. Assim, logo após os primeiros embates, a tropa de zuavos foi sendo incorporada às outras, depois de dissolvidas por Osório. 


O Conde D'Eu em seu livro 

"Viagem Militar do Rio Grande 

do Sul" em 1865, escreveu sobre os zuavos da Bahia:


"É a mais linda tropa do Exército Brasileiro. Compõe-se unicamente de negros. Os oficiais também são negros; e nem por isso piores oficiais, pelo contrário. Conversei propositadamente muito tempo com eles. Estavam a par de todos os pormenores do serviço e orgulhosos do seu batalhão."


Pouco depois de as tropas aliadas atravessarem o rio Paraná e invadirem o sul do Paraguai em abril de 1866, Francisco Otaviano de Almeida Rosa escreveu jubiloso, de Buenos Aires, ao ministro da guerra: “Um abraço pelos nossos triunfos. Vivam os brasileiros, sejam brancos, negros, mulatos ou caboclos! Vivam! Que gente brava!”

  

O entusiasmo do diplomata brasileiro pelos feitos militares dos seus patrícios não brancos coloca a questão do impacto da guerra na política racial brasileira.


Muitos ecoam a declaração de Otaviano e vêem a guerracomo uma experiência racialmente compartilhada que forjou a nacionalidade nos campos de batalha.


A história de Cândido da Fonseca

Galvão, mais conhecido como Dom Obá II (o título iorubá por ele adotado no Rio de Janeiro na década de 1880), que serviu numa das companhias de zuavos criadas na Bahia em 1865-66, revela a complexidade da experiência de guerra para a população negra. 


Profundamente monarquista, Dom Obá destacava seu serviço ao imperador como evidência do seu pertencimento à nação brasileira, mas também publicava críticas sofisticadas da discriminação racial que ele e o resto da população negra enfrentavam.


Por que o governo baiano resolveu recrutar companhias de zuavos e couraças em 1865 ainda é um mistério. Recrutar companhias de homens negros negava a bem-estabelecida política militar de não levar em conta acor dos soldados. As últimas unidades segregadas nas forças armadas brasileiras (os batalhões milicianos de homens pardos e pretos) tinham sido extintas em 1831, quando da criação da Guarda Nacional. O último vestígio da preferência racial no recrutamento, isto é, a exclusão de “homens pretos” das fileiras do Exército, foi abolido em 1837, quando o

governo do Regresso sentiu a necessidade de aumentar o seu efetivo.


Desde então, o Exército seria uma instituição formalmente cega à cor da pele, e que levava essa política ao extremo: na fé-de-ofício padrão

não tinha lugar para indicar a cor do soldado e, portanto, o Exército não podia fornecer essa informação básica às autoridades policiais encarregadas da captura de desertores


A proposta para a criação de companhias negras na Bahia veio de fora do Exército, como grande parte da mobilização patriótica de 1865-66. 


Quirino Antônio do Espírito Santo  se ofereceu, no dia 26 de janeiro de 1865, para organizar um “respeitável corpo de voluntários” de “cidadãos crioulos”, “que pelo seu denodo, coragem e amor àpátria recordariam mais uma vez os valorosos combatentes sob o comando do celebre Henrique Dias”. 


Quirino invocou o patriotismo que tinha sentido durante a guerra pela Independência (1822-23) e proclamou que, “impelido por uma força sobrenatural venho oferecer-me ao

governo para ir combater em prol da honra, integridade e soberania do Império, que vis gaúchos pretendem insanamente macular"


A proposta foi logo aprovada e, no dia 1º de fevereiro, Quirino se instalou no Forte do Barbalho e começou a organizar a companhia. Dentro de poucos dias, tomou o nome de “zuavos baianos” e o presidente aprovou uma subscrição para fardar os novos recrutas com o uniforme garboso das tropas coloniais franceses na Argélia.  Desconheçoo porquê da decisão de adotar o nome e o uniforme das tropas coloniais francesas. Na década de 1860, a moda zuava de bombachas vermelhas,colete azul bordado e pequeno boné ou fez já havia sido amplamentedivulgada entre diversos exércitos, tais como as forças do Norte e doSul na guerra civil norte-americana e as tropas internacionais do papa.


Onze companhias de zuavos, com um efetivo total de 638 homens, bem como uma companhia de couraças, de 80 homens, embarcaram na Bahia para o Rio de Janeiro e os campos de batalha antes demarço de 1866 (há alguns indícios de uma tentativa de criação de umadécima segunda companhia de zuavos, mas é provável que seus integrantes fossem para o Sul na qualidade de recrutas.


Muitos dos líderes da primeira fase da mobilização baiana haviam lutado na guerra pela Independência. Quando Quirino embarcoucomo tenente comandante da Primeira Companhia de Zuavos, seu comandante era o tenente-coronel José da Rocha Galvão, outro veterano

da Independência. 


José Elói Buri, capitão da Companhia de Couraças, também foi veterano das lutas de 1822 e 1823. Os couraças, aliás, lembravam os vaqueiros do sertão, vestidos de couro, que haviam

se juntado aos patriotas que sitiavam os portugueses em Salvador.  A essa lista de veteranos da Independência envolvidos na mobilização de 1865, podemos acrescentar o tenente-coronel Domingos Mundim Pestana, comandante do Terceiro Batalhão de Voluntários da Pátria, quehavia assentado praça em 1821, com a idade de 15 anos, bem como ocoronel Joaquim Antônio da Silva Carvalhal, o principal idealizador daSociedade Veteranos da Independência e figura chave na organização das companhias de zuavos


Poucos dos veteranos idosos resistiram aos rigores da campanha. Quirino faleceu em novembro no hospital de Montevidéu, e Pestana, doente e cego, já estava de volta a Salvador em fevereiro de 1866;morreu dois anos mais tarde. Outros resistiram por mais tempo. RochaGalvão foi morto durante a primeira batalha de Tuiuti (24 de maio de1866), e Buri sucumbiu ao cólera três dias antes de sua licença médicater sido anunciada, em fins de 1867. Enquanto podiam servir, todavia,

suas idades lhes garantiram o respeito de seus soldados, a julgar por

uma descrição da Primeira Companhia de Zuavos durante uma curta

escala em Desterro (hoje Florianópolis): Quirino foi descrito como “umvelho preto [que] parece um verdadeiro homem de bem, a quem os seussoldados respeitam-no como a um pai”


Nasua despedida da Segunda Companhia de Zuavos, Carvalhal conclamouos a combater “denodados contra os paraguaios como o intrépido e imortal Henrique Dias combateu outrora os holandeses e na gloriosa épocada Independência o denodado tenente-coronel Manoel Gonçalves [da

Silva], fazendo sobressair o valor e [a] bravura da vossa cor”.


Para oembarque da Primeira Companhia de Zuavos, Francisco Moniz Barreto,então o poeta baiano mais popular (e também um veterano da Independência), escreveu às pressas o “Hino dos zuavos baianos”, cuja primeira estrofe e o estribilho são bem representativos da retórica patriótica

de 1865:


"Sou crioulo: da guerra na crisma

Por zuavo o meu nome troquei

Tenho sede de sangue inimigo

Por bebê-lo o meu sangue darei

D’Henrique Dias

Neto esforçado

Voo ao teu brado

Pátria gentil!

Mais que o da França

Ligeiro e bravo

Seja o zuavo

Cá do Brasil"


Em 1870, três batalhões de Voluntários da Pátria voltaram à Bahia. Foram recebidos com muita festa e logo depois dissolvidos. Muitos solda-

dos deram baixa sem receber os soldos atrasados que o governo ainda lhes devia.  Poucos oficiais ou soldados das companhias de zuavos

estavam entre os veteranos que voltaram naquele ano. Carvalhal preparou uma coroa de louros para receber o capitão Barbosa, o único oficialzuavo mencionado pela imprensa baiana na sua cobertura das festas.


Em versos dedicados a Carvalhal, um poeta saudoso lamentou o falecimento dos “nossos velhos amigos”, Rocha Galvão, Buri e Quirino, osveteranos da Independência que haviam servido como exemplo à juventude baiana, e logo passaram a bandeira à nova geração.


A carreira militar dos oficiais zuavos, agora melhor qualificadosde ex-zuavos, pode ser seguida durante o resto da guerra. Muitos ingressaram as longas listas de baixas que se acumulavam nas trincheiras em frente da fortaleza de Humaitá e nos insalubres acampamentos alia-

dos. Além de José Elói Buri, o tenente Manoel Teodoro de Jesus faleceu de cólera. Um “ferimento de estilhaço de bomba” foi a causa da

morte do tenente Augusto Francisco da Silva em março de 1867, e mais dois oficiais dos ex-zuavos morreram de ferimentos ou de doenças.


Outros, como os capitães Marcolino e Maniva, deram baixa por incapacidade física não especificada, entre eles também o alferes Bernardino de Sena Trindade e o tenente Balbino Nunes Pereira. Poucos serviram por toda a guerra. O capitão João Francisco Barbosa de Oliveira, comandante da Terceira Companhia de Zuavos, fez toda a campanha, mas não foi promovido (de fato, nenhum ex-zuavo chegou a major; capitão foi a graduação mais alta alcançada por eles). 


Ferido duas vezes, Barbosa nunca pediu licença, como explicou com orgulho num requerimento pós-guerra; ele estava entre as tropas que mataram Francisco Solano López em Aquidabã.


O cadete Constantino Luiz Xavier Bigode foi capturado pelos paraguaios pouco depois da Batalha de Curupaiti e passou mais de dois anos como prisioneiro de guerra, trabalhando na fundição de Ybicuí. Liberado em 1869, ele voltou ao serviço e foi promovido a alferes em março de 1870.


José Soares Cupim Júnior teve menos sorte que Barbosa e Bigode. Um dos primeiros voluntários zuavos (assentou praça na PrimeiraCompanhia no dia 1º de fevereiro de 1865), ele embarcou como sargento, e durante a guerra aos poucos foi promovido até chegar a capitão.Louvado por atos de bravura na Batalha de Curuzu, foi ferido na segunda Batalha de Tuiuti (24 de setembro 1867). Restabeleceu-se e voltouao serviço, mas foi ferido no primeiro dia das lutas em Lomas Valentinas(21 de dezembro de 1868). Não resistiu e faleceu no dia 13 de janeirode 1869, pouco depois da ocupação aliada de Assunção. Em 1871, sua viúva, dona Panfília Luiza Tolentino Soares, passou a receber uma pensão anual de 720 mil-réis.


O parlamento aprovou a pensão para viúvas de mais quatro oficiais zuavos falecidos: Sabina Joana do Espírito Santo (viúva de Quirino), Francisca Maria da Conceição (viúva de Tolentino), Josefina das Trevas Lima (viúva de Inocêncio) e Arcanja de

São Miguel Silva Serra (viúva de Augusto Francisco da Silva). 


Infelizmente, nenhum desses homens deixou documentos que possam revelar sua visão política de forma tão extensa como fez o alferes Candido da Fonseca Galvão, melhor conhecido na década de 1880 no Rio de Janeiro como Dom Obá II, numa longa série de artigos nosjornais fluminenses. Como a maioria dos veteranos, eles se reintegraram à população livre e pobre de cor da qual tinham sido recrutados.

Em Salvador a memória dos zuavos perdurou. No início do século XX, Manoel Querino registrou seus nomes e seus feitos militares a partir de

tradições orais.


Fonte: O Exército e a Abolição. Claudio Moreira Bento/OS COMPANHEIROS DE DOM OBÁ:OS ZUAVOS BAIANOS E OUTRAS COMPANHIAS NEGRAS NA GUERRA DO PARAGUAI

Hendrik Kraay

segunda-feira, 7 de abril de 2025

O Guerreiro Indigena Araribóia

 





ARARIBOIA 


      Nascido em 1520 Ilha de Paranapuã.
      Morte 1589 em Niterói.
           ARARIBOIA (Cobra da Tempestade), filho de "Temiminós" Tribo rival aos Tupinambás, um Guerreiro que viveu no século XVI !!!!! "Martin  Afonso  de Sousa" .

... Fundador da Cidade de NITEROI-RJ, terras que ganhou por sua bravura em Batalha cm os  cercavam a Baía de Guanabara, antes que o concreto moldasse as paisagens, vivia um guerreiro de coragem e alma indomável: Araribóia — "Cobra da Tempestade", como era chamado entre os seus.

Filho dos temiminós, tribo rival dos tupinambás, Araribóia nasceu sob o sol escaldante e os ventos do litoral. Desde cedo aprendeu a caçar, a remar pelos rios e a guerrear. Mas sua maior batalha ainda estava por vir.

Era o século XVI, e os franceses, liderados por Villegagnon, se instalaram na Baía de Guanabara, fundando a chamada França Antártica. Uniram-se aos tupinambás e desafiaram o domínio português sobre aquelas terras.

Do outro lado da baía, em Espírito Santo, Araribóia foi chamado pelos portugueses. Não por submissão, mas por estratégia — sabia que seu povo precisava de aliança para sobreviver. Com olhos de águia e coração de jaguar, conduziu seus guerreiros em canoas pelo mar, enfrentando tempestades e inimigos. Era o ano de 1567 quando se uniu a Estácio de Sá, português destemido que fundaria o Rio de Janeiro.

A guerra foi brutal. Flechas cruzavam os céus como raios, e o sangue manchava a areia das praias. Araribóia lutou com fúria, movido pelo espírito ancestral dos seus. Ao lado dos portugueses, derrotou os franceses e os tupinambás. A vitória foi celebrada com danças, tambores e silêncio de respeito pelos mortos.

Como recompensa, Araribóia recebeu terras do outro lado da baía — do lado do sol poente, onde as águas se escondem entre colinas e enseadas. Lá fundou São Lourenço dos Índios, a semente de Niterói, cujo nome em tupi significa "águas escondidas".

Mesmo batizado como Martim Afonso de Sousa, nunca abandonou sua alma indígena. Vestia-se com trajes europeus, mas caminhava como guerreiro. Certa vez, humilhado por um governador português, levantou-se com orgulho e disse:
"Mesmo que eu esteja vestido como vós, por baixo desta roupa bate o coração de um chefe temiminó!"

Araribóia morreu como viveu: firme, honrado, lembrado como fundador de Niterói e símbolo da resistência e sabedoria indígena.

Hoje, sua estátua observa a cidade, como um sentinela eterno da história, das raízes e do povo que veio antes de tudo.







Quadro "A morte de Estácio de Sá" Antônio Parreiras, de 1911. Arariboia representado ao centro em trajes íngenas.


Filho do chefe Maracajá-Guaçu, principal chefe dos temiminós, Arariboia foi o líder dos temiminós durante o confronto de temiminós e portugueses contra tamoios e franceses pelo controle da baía de Guanabara.
Depois de seu grupo ser expulso do Rio de Janeiro pelos inimigos indígenas e se mudar para o Espírito Santo, fundou a região de Carapina com a aldeia de São João.

Ao retornarem à baía de Guanabara juntamente com os portugueses, foram personagens fundamentais na conquista daquele espaço. Ele foi o primeiro a entrar no baluarte inimigo no confronto de 20 de janeiro de 1567, em Uruçumirim, no atual outeiro da Glória. Empunhava uma tocha, com a qual explodiu o paiol de pólvora e abriu caminho para o ataque. 
Em um episódio com contornos de lenda, Arariboia teria atravessado as águas da baía a nado para liderar o assalto. O fato é que, com o seu apoio, a operação portuguesa contra os franceses foi um sucesso, tendo os portugueses obtido assim o controle sobre a baía de Guanabara.

Após a derrota dos tamoios, converteu-se ao cristianismo e adotou o nome de Martim Afonso de Sousa, em homenagem ao homônimo navegador português, que comandou uma exploração portuguesa que tocou a Guanabara em 1530. Como recompensa pelos seus feitos, foi agraciado com o titúlo de Cavaleiro da Ordem de Cristo,além de receber terras da Coroa Portuguesa. 
Primeiramente recebeu um terreno no atual bairro de São Cristóvão, que fica próximo à Ilha do Governador. Essa localização foi indicada na Carta da Baía de Guanabara, do cartógrafo Luiz Teixeira, como a Aldea de Martinho.
Posteriormente, em 1573, recebeu um terreno no outro lado da Guanabara, onde teria a missão de proteger a entrada da baía. Tal sesmaria recebeu o nome de São Lourenço dos Índios. É apresentada por muitos como a origem da cidade de Niterói.

Segundo o padre jesuíta Gonçalo de Oliveira, ele se casou em 1570 na cidade do Rio de Janeiro com uma mulher indígena, referenciada pelos termos da época como mameluca, por ser filha de um português e uma indígena.
Essa mulher, também seguindo o costume daquele período, não foi nomeada pelo padre. O casamento foi descrito com acontecimento memorável: uma festa com um banquete, em que Arariboia partiu de sua aldeia com seis grandes canoas, e foi acompanhada por portugueses e temiminós.
Terminou os seus dias em conflito com o novo governador-geral da Repartição Sul do Estado do Brasil, Antônio Salema (1575-1577). 

Na cerimônia oficial de posse, tendo Arariboia se deslocado de Niterói até o Rio de Janeiro, sentou-se cruzando as pernas. O fato veio a desagradar o governador, que o repreendeu. Arariboia rebateu tal repreensão retrucando: "Minhas pernas estão cansadas de tanto lutar pelo seu Rei, por isto eu as cruzo ao sentar-me, se assim o incomodo, não mais virei aqui." O já idoso cacique voltou, então, para a sesmaria de Niterói, não mais tendo retornado ao Rio de Janeiro.

A causa da morte de Arariboia é tida como incerta. Por muito tempo, acreditou-se que ele se afogara nas imediações da Ilha de Mocanguê, em 1589. Essa versão passou a ser contestada, no entanto, após o pesquisador Serafim Leite encontrar uma carta jesuítica datada do mesmo ano, que informava que Arariboia falecera vítima de uma epidemia.

Fonte: Wikipédia 



sábado, 5 de abril de 2025

Antiga Capoeira Carioca


A antiga capoeira carioca.

Por Matthias Röhrig Assunção.

O Rio de Janeiro teve a capoeira mais desenvolvida de todas as cidades brasileiras durante o século XIX. Originalmente desenvolvida por africanos escravizados e crioulos, ela se espalhou para as classes livres mais baixas durante o curso do século. Maltas, ou gangues de capoeira, se formaram em uma base territorial ao redor de praças de igrejas e bairros vizinhos. Durante a última parte do Império Brasileiro, essas maltas se congregaram em duas federações abrangentes, os Nagoas e os Guaiamus. Os Nagoas se aliaram ao partido Conservador, e os Guaiamus aos Liberais, ajudando-os a fraudar eleições. Por essa razão, o novo regime republicano reprimiu as gangues de capoeira após a proclamação da República em 1889. Centenas de capoeiras conhecidos foram presos e deportados para Fernando Noronha, uma ilha distante do Atlântico, e outros locais. A prática da capoeira e as gangues foram proibidas pelo novo Código Penal Republicano. Os praticantes podiam ser condenados à prisão e trabalho forçado por seis meses, e penas ainda mais severas eram prescritas para os líderes de gangues.

O Malho (revista)

A capoeira desapareceu das ruas do Rio de Janeiro. No entanto, o quanto dela sobreviveu em locais mais discretos é uma questão controversa. Alguns afirmam que as técnicas de luta da capoeira ainda eram passadas em bairros populares ou favelas. Prata Preta, um líder do motim antivacinação em 1904, confiou em suas habilidades de capoeira para defender as barricadas de seu bairro na área portuária (representado à esquerda, em uma caricatura da revista O Malho ).

Algumas das técnicas corporais foram recicladas na batucada, ou pernada carioca, um jogo que acompanhava apresentações informais de rodas de samba. Várias técnicas, principalmente chutes, começaram a ser ensinadas em academias de artes marciais por pessoas como Jaime Ferreira e Sinhozinho na década de 1930. E muitos vagabundos (malandros) usavam técnicas de capoeira em brigas de rua. Sete Coroas era um malandro famoso, supostamente um dos professores de Satã. De longe, a mais famosa delas é Madame Satã.



Por KK Bonates – Luiz Carlos de Matos Bonates

Em 10 de novembro de 1904, uma série de protestos populares ocorreram nas ruas do Rio de Janeiro, então capital da República, contestando a vacinação compulsória contra a varíola, o que resultou em confrontos com as forças de segurança que duraram até 16 de novembro. Para conter a rebelião popular, o estado de sítio foi decretado e a obrigação de vacinar foi revogada. Essa convulsão social foi chamada de “Motim da Vacinação”.

Essa convulsão social foi chamada de “Motim da Vacinação” ou “Quebra do Poste” e seu balanço oficial foi de 30 mortos, 110 feridos e 945 pessoas presas na ilha das Cobras [quartel-general da Marinha na Baía de Guanabara]. Estes últimos foram então deportados, se estrangeiros, e exilados para o norte do país, se brasileiros, principalmente para o Acre, na época, território federal recém-incorporado ao Brasil.

Uma das figuras de destaque dessa revolta foi o estivador e capoeira Horácio José da Silva, conhecido como “Prata Preta”, que é reconhecido por muitos por sua liderança em um dos principais redutos da resistência popular, a barricada do Porto Arthur, localizada no bairro da Saúde, assim chamada em referência à violenta batalha ocorrida na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905).

O banimento dos socialmente indesejáveis ​​para a Amazônia, lugar distante, fronteiriço e rústico, remonta à época da colônia portuguesa e se estende às primeiras décadas da República. A grande maioria desses indesejáveis ​​era caracterizada como sendo pobres, criminosos ou promotores de desordem social.Capoeira Contemporânea


Prata Preta: uma capoeira exilada

Por KK Bonates – Luiz Carlos de Matos Bonates

Em 10 de novembro de 1904, uma série de protestos populares ocorreram nas ruas do Rio de Janeiro, então capital da República, contestando a vacinação compulsória contra a varíola, o que resultou em confrontos com as forças de segurança que duraram até 16 de novembro. Para conter a rebelião popular, o estado de sítio foi decretado e a obrigação de vacinar foi revogada. Essa convulsão social foi chamada de “Motim da Vacinação”.

Essa convulsão social foi chamada de “Motim da Vacinação” ou “Quebra do Poste” e seu balanço oficial foi de 30 mortos, 110 feridos e 945 pessoas presas na ilha das Cobras [quartel-general da Marinha na Baía de Guanabara]. Estes últimos foram então deportados, se estrangeiros, e exilados para o norte do país, se brasileiros, principalmente para o Acre, na época, território federal recém-incorporado ao Brasil.

Uma das figuras de destaque dessa revolta foi o estivador e capoeira Horácio José da Silva, conhecido como “Prata Preta”, que é reconhecido por muitos por sua liderança em um dos principais redutos da resistência popular, a barricada do Porto Arthur, localizada no bairro da Saúde, assim chamada em referência à violenta batalha ocorrida na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905).

O banimento dos socialmente indesejáveis ​​para a Amazônia, lugar distante, fronteiriço e rústico, remonta à época da colônia portuguesa e se estende às primeiras décadas da República. A grande maioria desses indesejáveis ​​era caracterizada como sendo pobres, criminosos ou promotores de desordem social.

Na maioria dos casos, o tratamento de “grandes bengalas” indesejáveis, ou seja, aqueles da burguesia, como oficiais militares de alta patente, políticos influentes e jornalistas, era diferente do tratamento de “pequenas bengalas” vindas das classes mais baixas. Como regra, a “grande bengala” era processada, mas continuava a viver em seu local de origem. Ele era primeiro preso, depois anistiado e retornava à vida pública.

O transporte dos desterrados de 1904 para o Acre era feito por navios movidos a vapor conhecidos como “Itas”, pertencentes à “Companhia Nacional de Navegação Costeira” e contratados pelo Governo Federal para o transporte dos desterrados.

Os prisioneiros eram mantidos nos porões dos navios em condições promíscuas e sem direito de subir ao topo, sendo vigiados por um forte contingente de militares.

Três navios foram responsáveis ​​pelo transporte dos deportados de 1904 - Itaipava, com duas viagens, Itaperuna e Itapacy, com uma viagem cada,

A viagem entre o Rio de Janeiro e Belém do Pará durava, em média, onze dias, e entre Belém e Manaus, cinco dias. Em Manaus, os deportados eram transferidos para barcos regionais de menor calado, as gaiolas ou barcaças. Esses barcos seguiam então até o Território do Acre e, dependendo do destino ali, navegavam por um dos três afluentes do Rio Amazonas, os rios Madeira, Purus ou Juruá. Se o porto de destino fosse Penápolis (antiga Vila Empreza, atual Rio Branco) ou Senna Madureira, o tempo médio da viagem era de 15 dias. Para ir até Cruzeiro do Sul, sede do Departamento do Alto Juruá, eram cerca de 20 dias.

Prata Preta, um indesejável “caneca”, foi preso em 17-11-1904, às 9 da manhã, do lado de fora das trincheiras do “Porto Arthur”. Ele portava dois revólveres, uma faca e um canivete; seu corpo estava marcado por hematomas causados ​​por uma espada. Diz a lenda que ele comandava cerca de 2.000 rebeldes. Ele foi levado junto com outros 96 prisioneiros para a Ilha das Cobras para depois ser embarcado para o Acre.

Não há muita informação bibliográfica ou tradição oral sobre Prata Preta. O pouco que temos vem de jornais, revistas e almanaques do período, que dependendo de sua postura ideológica (pró-monarquia, republicana ou anarquista) afirmam ou negam sua liderança popular, tornando-o um herói ou um vilão, como mostram os exemplos a seguir: 

Essa convulsão social foi chamada de “Motim da Vacinação” ou “Quebra do Poste” e seu balanço oficial foi de 30 mortos, 110 feridos e 945 pessoas presas na ilha das Cobras [quartel-general da Marinha na Baía de Guanabara]. Estes últimos foram então deportados, se estrangeiros, e exilados para o norte do país, se brasileiros, principalmente para o Acre, na época, território federal recém-incorporado ao Brasil.

Prata Preta é um homem presumivelmente de 30 anos, alto, de compleição robusta, completamente imberbe. Sua fama de homem valente e briguento não era exagerada, pois era visto nos pontos mais perigosos das trincheiras e barricadas, atirando de fuzil nas forças atacantes… Parece que Prata Preta era considerado o General Stoessel de Porto Arthur do bairro da Saúde.”

A Notícia , 16 e 17/11/1904, XI, n 271, p 1.

A muito custo foi levado para a Delegacia Central, sendo previamente desarmado… deu seu nome como Horácio José da Silva e foi obrigado a vestir uma camisa de força, e colocado na cadeia. Este negro tem o apelido de “Black Silver” e, por sua bravura como famoso encrenqueiro, fora proclamado chefe das revoltas do distrito da Saúde.”

Jornal do Commercio , 17/11/1904, n 521, p 2.

… um homem negro terrível, um verdadeiro demônio. Esse homem negro, alto, musculoso, forte entre os mais fortes, logo assumiu uma certa supremacia, assumindo as funções de chefe das masmorras. Armado com um grosso pedaço de cabo, logo entrou espancando bestialmente, ferozmente, seus companheiros de infortúnio, só os abandonando quando o sangue vermelho esguichou das feridas”

Jornal do Brasil , 28/12/1904, p. 2.

Tudo era mentira, mas ainda havia “Black Silver” ali…um preto! Fomos então conhecer a história do celebrado Prata. Agora, Prata também é adepto de saques. Não se sabe até agora qual personagem mais se destacou nas famosas perturbações. Prata Preta costuma parar nos bares das ruas Conceição e São Jorge., Ele é um grande bebedor, e costuma ficar bêbado. Os últimos conflitos o excitaram, tanto quanto ele excitava as rameiras, fazendo-as gritar “mata”! em ataques histéricos. Nosso Prata Preta nunca foi corajoso.”

↑ Gazeta de Notícias , 18/11/1904, "A última ilusão", p. 2.

Sobre o degredo de Prata Preta para o Acre encontramos algumas referências em jornais que apenas citam o fato, mas devido ao uso partidário e ideológico do nome Prata Preta pela imprensa e à falta de documentação plausível que o sustente, o que resta são pistas, indícios e algumas evidências de que Prata Preta foi realmente degredado e só retornou ao Rio de Janeiro anos depois.

Sobre essas pistas e evidências, citamos aqui a crônica de Armando Sacramento “O K. Abrahão” e a descrição de um carro alegórico do carnaval de 1905 que tinha como tema a barricada “Port Arthur” do bairro da Saúde:

Ainda perseguido pelo homem dos óculos, um dia K. Abraham quase foi levado para o Acre junto com o Prata Preta. Após algumas explicações foi jogado para fora e desde então, para evitar outro emaranhado semelhante, não saiu mais de cena.”

O Rio Nu , 3/4/1905, edição 695, página 2.

O Porto Arthur, do bairro da Saúde, é outro carro alegórico de crítica. Num vagão onde se lê a inscrição – Hospital de sangue, há um grande canhão… coberto. Do lado direito, uma faixa vermelha indicava o espírito guerreiro de façanhas incômodas sob a liderança do intrépido Prata Preta. Lâmpadas quebradas cercam o carro, em sublime verve de espíritos democráticos. Uma guarda de honra de acreanos, carregando o machado e a caneca que os regenerará na terra da borracha.”

↑ Gazeta de Noticias , 3/4/1905, "Pepinos Carnavalescos", edição 63, página 2.

Por fim, Silva (2013) informa, sem maiores detalhes, que Prata Preta foi exilado para o Acre em 25 de dezembro de 1904 e embarcado no navio Itaipava junto com centenas de outros deportados desconhecidos.

Segundo Bonates (2016); Bonates & Cruz (2020) o registro documental mais antigo da presença da capoeira no Estado do Amazonas até a data deste ensaio é de 1899, porém, evidências indicam comportamentos sociais relacionados à cultura da capoeira ou à ação de capoeiristas em datas anteriores, que podem ser rastreados até a época da Revolta da Cabanagem (1835-1840).

Intrigante é o fato de a capoeira não ser mencionada nas notícias amazônicas até as festividades carnavalescas de fevereiro de 1905, portanto logo após a chegada dos degredados. Os registros aumentam até 1920, quando o ciclo econômico da borracha entra em colapso e só reaparecem a partir de 1972, com a chegada de Julival do Espírito Santo, o mestre de capoeira Gato de Silvestre, em pleno boom econômico da Zona Franca de Manaus.



Miguel Camisa Preta

Miguel Camisa Preta, apelido que pode ser traduzido como Michael Camisa Preta, foi um capoeira, um malandro, um boêmio. Um sobrevivente nas ruas e guetos do universo das antigas capoeiras do Rio de Janeiro. Alfredo Francisco Soares era seu nome de batismo, um dos nomes mais famosos entre os malandros das ruas cariocas, no início do século XX.

Miguelzinho Camisa Preta, como era conhecido, tanto pela polícia quanto pelos demais bandidos, foi um marco e deixou seu nome na história dos capoeiras, malandros e valentões que povoavam as ruas boêmias da “cidade maravilhosa” no início do século passado.

A morte dele
Segundo os jornais A Gazeta de Notícias e A Noite, Miguel Camisa Preta foi assassinado na madrugada de 12 de julho de 1912, uma sexta-feira.
Onde ele foi morto
Segundo os jornais A Gazeta de Notícias e A Noite, Miguel Camisa Preta foi assassinado na madrugada de 12 de julho de 1912, uma sexta-feira.
Os motivos da morte de Camisa Preta
No local apareceu o policial Elpídio Ribeiro da Rocha, inimigo declarado de Camisa Preta. Alguns anos antes, Elpídio havia matado o malandro Leão do Norte, um capoeira valentão das ruas e grande amigo de Camisa Preta. Camisa Preta havia jurado vingança e já havia enfrentado o policial duas vezes. Em uma delas, ambos foram parar na delegacia, com Camisa Preta ferido por um tiro na perna. Neste último e decisivo confronto, na noite de 12 de julho, o policial e seu colega, ambos armados, teriam matado Camisa Preta quando ele levantou os braços. Ambos teriam oferecido garantias ao malandro de que não atirariam. No entanto, assim que Camisa Preta levantou os braços, Elpídio atirou em sua cabeça. Foi o fim do mais famoso valentão, boêmio, capoeirista e malandro que habitava o universo das ruas do Rio de Janeiro no início do século XX.

Camisa Preta de Umbanda
Miguelzinho Camisa Preta tornou-se uma entidade espiritual na Umbanda, cultuada em vários cantos do Brasil. Em sua “falange” (ou família de entidades), ele se apresenta com vários nomes, dependendo do lugar: Miguelim do Morro, Mané Soares…

Há outras versões sobre a história de sua vida, morte e pós-morte. Devido ao meu respeito por cada médium e líder espiritual que trabalha com essa falange, quero deixar claro que usei apenas artigos de jornais dos jornais citados abaixo, que foram publicados no dia seguinte à sua morte.

Créditos:
A Noite, 12/07/1912
A Gazeta de Notícias , 07/12/1912
Médium Gugu Fragoso: criador do blog malandromiguel
Texto publicado originalmente como no Facebook, postado em 31 de janeiro de 2020




Sete Coroas

Por Rômulo Costa Mattos.

A construção da memória sobre Sete Coroas, o mais famoso “bandido” da Primeira República

No início da década de 1920, um morador anônimo do morro e favela – hoje conhecido como Morro da Providência – realizou um assalto inusitado durante um funeral de gala. A quantidade e a qualidade dos objetos roubados nessa ação resultaram em um apelido pelo qual em pouco tempo ele seria conhecido em toda a cidade do Rio de Janeiro: Sete Coroas. Seus roubos audaciosos fizeram sua trajetória sair dos registros policiais e ganhar manchetes nas páginas policiais de jornalistas, palcos de teatro e entrar para a obra de escritores e compositores de música popular.”

Rômulo Costa Mattos, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Rio de Janeiro, pesquisou a história de Sete Coroas e teve a gentileza de disponibilizar seu artigo em nosso site. Por enquanto só temos em português o texto A Construção da Memória sobre Sete Coroas, o mais famoso "criminoso" da Primeira República.



Mestre  Leopoldina  

A flor fina da Malandragem

Por Nestor Capoeira.

Mestre Leopoldina, alegre em dia de desfile no Sambódromo do Rio de Janeiro. Coleção de fotos André Lacé.
Eu estava no meu primeiro ano da Faculdade de Engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), na distante (em relação a Copacabana, onde eu morava com meus pais e irmãos) Ilha do Fundão. Um dia, eu estava no pátio da escola conversando com alguns amigos quando vi um homem na estrada pedalando a toda velocidade.

À medida que me aproximava, comecei a reparar nos detalhes da vestimenta da figura: um moletom de aba curta usado pelos sambistas; um colete vermelho com bolinhas brancas, completamente aberto sobre o peito nu, que balançava ao vento como as asas de um pássaro; calças boca de sino listradas de verde pistache e cinza e um largo cinto de couro preto com uma fivela enorme na cintura; solas plataforma de 3 cm de altura, cravejadas de estrelas prateadas.

Entrou no pátio a toda velocidade e então derrapou, rodou, acabou ficando ao lado de um pilar, onde calmamente deixou a bicicleta após saltar. Então notei algo ainda mais estranho: ele carregava, entre os lábios, uma espécie de galho pintado de preto, vermelho e branco, com cerca de 30 ou 40 centímetros de comprimento. De repente, o galho começou a se mover e se enrolou no pescoço do estranho: Leopoldina criava cobras em casa, e esta – uma cobra-do-leite – era uma das suas preferidas.

Perguntei a um amigo: “Nossa, quem é esse cara?” Ele respondeu: “É o Mestre Leopoldina. Ele dá aulas de capoeira no Atletismo” — que era a parte esportiva dos diretórios estudantis. “Ele vem de bicicleta da Cidade de Deus até a Ilha do Fundão. É longe…” — completou esse meu amigo.

Infância e juventude

Demerval Lopes de Lacerda (1933-2007), o mestre Leopoldina, nasceu no Rio de Janeiro num sábado de carnaval. Foi criado pela mãe e, depois, por tias e outras senhoras que o acolheram. Ainda criança, fugia de casa para vender balas para outros moleques que dominavam as linhas férreas da Estrada de Ferro Central do Brasil, que une o centro da cidade aos subúrbios mais distantes do Rio. Foi na Central do Brasil que se formou e fez o curso de malandro, aproximadamente em 1950.

Adolescente, e em um tempo de grande pobreza, ele foi por conta própria para o SAM (Serviço de Assistência ao Menor) – um temido Serviço de Assistência à Criança. Leopoldina não teve queixas de seu tempo lá; pelo contrário, como um jovem malandro de rua, ele logo se juntou à equipe de “diretores”. Ele aprendeu a nadar, entre outras coisas, circulando regularmente a ilha onde a instituição estava localizada, o que o deixou em excelente forma física.

Quando saiu do SAM, já com dezoito anos em 1951, e velho demais para vender doces e amendoins em trens, começou a vender jornais e logo montou uma equipe. Pela primeira vez, começou a ganhar dinheiro, vestindo roupas caras e visitando os bordéis da Zona do Mangue, onde encontrou fama devido ao tamanho de seu pênis. Leopoldina frequentava prostitutas, muitas vezes mais de uma vez por dia, sem usar nenhuma proteção e, de alguma forma, nunca contraiu nenhuma doença venérea.

Capoeira

Foi nessa época que conheceu Quinzinho, ou Joaquim Félix, um jovem delinquente e chefe de gangue, perigoso, que já havia cumprido pena na Colônia Penal e tinha algumas mortes na consciência. Quinzinho era capoeirista e foi o primeiro mestre de Leopoldina na arte da tiririca, a capoeira sem berimbau dos canalhas cariocas, descendente da capoeira de gangues dos anos 1800.

Poucos anos depois, Quinzinho foi novamente preso e dessa vez assassinado na prisão. Leopoldina desapareceu da área por medo de represálias de inimigos delinquentes. Quando voltou às ruas, conheceu Artur Emídio, recém-chegado de Itabuna, Bahia. Tornou-se aluno de Artur por volta de 1954, sabendo então que a capoeira baiana era tocada ao berimbau.

Mais tarde, Leopoldina foi trabalhar no Cais do Porto e eventualmente conseguiu entrar para a Resistência, uma das filiais do cais. Aposentou-se cedo – antes dos quarenta e cinco anos, devido a um acidente de trabalho (que felizmente não deixou sequelas) e viveu a vida de capoeirista e malandro de alto astral mais intensamente.

A Mangueira

Outro aspecto importante da vida de Leopoldina foi sua relação com o samba. Ele saiu com a Mangueira pela primeira vez no Carnaval de 1961, aos 28 anos. A Mangueira foi a primeira escola de samba a incluir a capoeira em seus desfiles, o que deu grande visibilidade à capoeira. Leopoldina chegou a organizar um grupo de sessenta capoeiristas para demonstrar a arte na ala VC Entende, a sala de shows da Mangueira. Ele manteve sua parceria com a Mangueira até cerca de 1974.
Eu mesmo desfilei várias vezes na Mangueira quando ainda era novato na capoeira, a convite da Leopoldina, por volta de 1968/1970.

Quinzinho (aprox. 1925-1950) foi um jovem marginalizado e temido em sua época. Drauzio Varela, o médico da Penitenciária do Carandiru que escreveu um livro de grande sucesso que depois virou filme, menciona Quinzinho em sua Estação Carandiru (Cia. Das Letras, 1999, p. 270):

O Sr. Valdomiro é um mulato de rosto enrugado e mechas grisalhas nos cabelos crespos… Setenta anos e inúmeras histórias de prisão ao lado de bandidos lendários como Meneguetti, Quinzinho, Sete Dedos, Luz Vermelha e Promessinha fizeram do Sr. Valdo um homem respeitado na prisão.”

Leopoldina contou (em depoimento a Nestor Capoeira, incluído no filme Mestre Leopoldina, o último bom malandro (2005) como conheceu seu primeiro mestre, Joaquim Felix, ou Quinzinho, por volta de 1950; Leopoldina tinha cerca de 18 anos e Quinzinho talvez 23 anos.

Leopoldina: 'Eu olhava para ele [Quinzinho], olhava para os caras ao redor, e ele gritava para mim 'Flip!'. Quando eu me preparava para atacar, ele fazia essas coisas com o corpo. Eu pensava: 'Vou matá-lo!' Dentro da Estação Central, escondida debaixo dos trilhos, eu tinha uma faca de 8 polegadas que eu escondia lá. De madrugada eu pegava a faca e voltava para a noite. Então eu deixei Quinzinho e fui para a Estação Central para pegar essa faca. Naquele momento, um jornaleiro que eu nunca tinha visto antes, acho que ele já morreu, chamado Rosa Branca, me perguntou: 'o que está acontecendo?'. Ele me viu muito agitado e perguntou: 'o que está acontecendo?'. Eu disse: 'Quinzinho roubou meu chapéu e eu vou dar uma facada conversada' nele”

Leopoldina explicou o que era a fachada conversada :

A fachada conversada é essa: eu tinha que esperar o momento em que ele estivesse bebendo, chegar por trás, dar um tapinha no ombro dele para ele se virar. Quando ele se virasse eu daria uma facada na frente, não nas costas. Porque se eu fosse preso depois seria assim que eu seria visto na cadeia: 'Esse é um canalha, deu uma fachada conversada no cara'. Mas se eu desse uma facada nas costas, eles diriam 'Covarde' e me espancariam.”

Para a sorte de Leopoldina, Rosa Branca o acalmou e ele não foi procurar Quinzinho. Pouco depois, Leopoldina estava em um ponto de ônibus e encontrou Quinzinho mais uma vez:

Leopoldina: 'Mineiro Bate Pau, outro cara chamado Peão, Testa de Ferro eles também desceram do ônibus, e então, Quinzinho. Quando eu vi Quinzinho, eu fiquei paralisado e pensei: 'É isso!' Mas ninguém ali sabia o que aconteceu entre nós e eles começaram a falar comigo. Quinzinho, vendo que eu era respeitado e amigo dos malandros, chegou perto de mim e disse: 'Eu não quero confusão com você, porque você também é um malandro'. Ele estava segurando uma cuíca e passou para um dos caras. Ele mexeu na cuíca dele e de repente me deu uma geral (revistar alguém por armas)! Imagina só. Ele disse: 'Eu não quero confusão com você porque você é um malandro, etc e tal', e então me deu uma geral! ”
As semanas passam e Leopoldina, ansiosa para aprender capoeira, vai aos poucos se aproximando de Quinzinho:

Leopoldina: 'Eu disse: 'Quinzinho, eu quero te pedir um favor'. 'O quê?' Ele respondeu desconfiado. 'Eu quero que você me ensine capoeira'. 'Então vá para o Morro da Favela amanhã'. Nossa, eu não ficaria tão feliz se alguém me desse um milhão de reais. Naquele primeiro dia, voltei para o Morro do São Carlos e fui dormir em um colchonete. No dia seguinte, eu não conseguia levantar. Meu corpo todo estava doendo. E ao mesmo tempo, eu estava preocupada que ele não quisesse mais me ensinar. 'Como eu vou?' E na Favela eu ainda tinha que subir mais de cem degraus. Então eu fui no dia seguinte e disse para o Quinzinho: 'Eu não pude vir porque eu estava machucado'. E ele, sem me dar trabalho, disse: "Está tudo bem, está tudo bem". E ele começou a me ensinar: 'faça assim... faça assim.'

Aí um dia apareceu o Juvenil. Ele me cumprimentou, olhou para mim e disse: 'Vamos jogar?' Olhei para o Quinzinho e como ele não dissesse nada, eu disse: 'Vamos'. O Juvenil tirou o chapéu, o colete, a gravata e ficou nu da cintura para cima, e começamos a jogar. Mas assim que começamos a jogar, ele me deu um chute que passou de raspão na cabeça. O Quinzinho estava sentado com uma 7,65 enfiada na cintura. Ele estava de bermuda. Naquela época (aproximadamente 1955) nós usávamos bermuda de futebol e não a roupa de banho de hoje. Todo mundo usava bermuda. E ele tinha um lenço no colo, escondendo a pistola. Quando o Juvenil deu aquele chute, o Quinzinho se levantou e apontou a pistola para o rosto do Juvenil: 'Não faça isso! Não faça isso, senão ele vira um covarde!'

O pária e o mestre

Acho essa história, contada por Leopoldina, incrível. Veja bem, Quinzinho era um jovem perigoso marginalizado, um líder de gangue. Quando a então jovem Leopoldina o conheceu, por volta de 1950, Quinzinho já tinha algumas mortes na consciência e já tinha cumprido pena na colônia penal. Poderíamos pensar em Quinzinho como uma espécie de herdeiro da capoeira violenta praticada pelas gangues cariocas nos anos 1800.

O discípulo

Conheci Leopoldina em 1965, aos 18 anos. Ele tinha 31 anos e, apesar de estar em ótima forma, cheio de energia, com um corpo magro e musculoso, muito tonificado, seu rosto parecia o de um homem muito mais velho. O curioso é que, com o passar dos anos, seu rosto e corpo permaneceram quase os mesmos.

Eu cursava a Escola de Engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), localizada em uma ilha da Baía de Guanabara chamada Ilha do Fundão. Leopoldina ensinava capoeira na Atlética, departamento de esportes de lá.

Leopoldina era gentil e amigável com os alunos. Ele não permitia que um aluno mais velho ou mais experiente batesse em um iniciante. Ele carregava os alunos mais interessados ​​para o samba, candomblé e umbanda, para os morros e para os desfiles de carnaval na Avenida Presidente Vargas.

Mestres Nestor Capoeira e Leopoldina

Foi um grande Mestre sem nem mesmo tentar sê-lo, que introduziu aqueles universitários, eu entre eles, à cultura “popular” brasileira; à filosofia da malandragem de alto astral – “o bom negócio é bom para todos” (em oposição à chamada Lei Gérson, “eu tiro o melhor de todos”, os 171 fraudadores e golpistas comuns); e com uma abordagem radical e revolucionária em relação às mulheres e ao sexo em comparação à moral burguesa e às abordagens machistas: “Ninguém é de ninguém”.

Leopoldina achava que as aulas de capoeira deveriam ser ministradas apenas duas vezes por semana, e que deveriam durar uma hora; o restante do tempo seria para rodas e brincadeiras.

Seu método de ensino consistia em um breve aquecimento (uma corrida pela sala e alguns polichinelos), alguns golpes e contragolpes em duplas de alunos (semelhantes aos que ele aprendeu com Artur Emídio , que por sua vez baseou isso nos exercícios do Mestre Bimba). Ocasionalmente, havia treinamento de chutes, com os alunos se aproximando de uma cadeira em uma fileira e dando um golpe sobre a cadeira um por um, e no final da aula, havia uma roda de quinze a vinte minutos. As aulas geralmente tinham de quatro a oito alunos. Leopoldina nunca foi o que seria considerado "bem-sucedido" em termos de número de alunos, nem lecionou por mais de cinco anos no mesmo local.