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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

UM CICLO MONÓTO, REPETITIVO... OU PURA HISTORIA

Porque assistir a uma apresentação de capoeira?

De início, concordo com algumas pessoas não simpatizantes da nossa arte, que ao dizer que a roda de capoeira, por mais de 5 minutos é monótona, pois seus movimentos e ritmo são repetitivos e cansa para quem assiste.

Pois bem, agora vos convido para enxergarem seu verdadeiro propósito, que para além de um sistema capitalista, a apresentação da capoeira, tem como proposta expor uma arte marcial que se tornou patrimônio cultural dá humanidade.

É assim, apreciar uma arte, que no passado serviu de arma e instrumento contra o regime escravista, tendo estes mesmos golpes repetitivos, como auxílio do negro em sua luta para conquistar NOVAMENTE sua liberdade, uma singela liberdade de se afirmar como SER HUMANO.

Uma roda de capoeira, em sua plenitude, está intrínseca à história do Brasil, onde sua participação foi altamente imposta, como: guerra do Paraguai; revoltas nacionais ( vacina e chibata ); formação da guarda negra; criação do frevo e do passo do samba, e mais ainda, a abolição, dentre muitos outros eventos que não cabe aqui citar.

Assistir uma apresentação de capoeira, é participar de uma manifestação que se faz presente a maior rede marcial de absorção cultural, contendo elementos dos Mouros, Espanhóis e Portugueses, incorporados aos elementos de matrizes africanas, onde se fundiram em solo brasileiro.

Assistir a uma apresentação de capoeira, é saber que ali se faz presente, um processo de expansão mundial, tendo a capoeira como a maior difusora da língua portuguesa no mundo. É aprender os ensinamentos dos mais velhos, através da oralidade presente nas cantigas.

É saber que a roda de capoeira, possui ritualística, ritmos, defesa pessoal, malandragem, brincadeira, teatro, expressão corporal, religiosidade, bem estar físico e mental, interdisciplinaridade, disciplina, regras, moralidade, e entrosamento coletivo.

Por fim, a roda de capoeira, é ainda, estar no mesmo espaço e tempo, toda a sabedoria de um mestre e toda a inocência de uma criança, se resumindo na filosofia africana UBUNTU, onde todos somos um só.

Por Prof. ENGUILO

Guilherme Arengui

Prof. Hist. da Capoeira

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O Frevo e a Capoeira


25 de novembro dia do frevo

O Frevo e a Capoeira 


O frevo vem da mistura de capoeira, com marchinha. Eram os "capoeiras", os valentões,brabos de sua época que se formavam Maltas,Grupos  que defendia uma letra de musica,uma marcha,de um determinado Cortejo, que no final do século XIX, na cidade do Recife, abriam as apresentações das bandas de música militares. Os passos e coreografias são fortes, frevados: a "dobradiça", o "parafuso", o "rabo-de-arraia". Em cima desse passos tem que improvisar com muita vontade, alucinar, "frever"... "Apare essa bomba", rapaz! "Segure essa brasa", véio! O que tocar a gente "freva"!... A capoeira é de origem brasileira. Mas, tem gente que brinca, dizendo que ela nasceu no Brasil, mas já veio grávida de Angola, nos navios negreiros. No Brasil ela surge nas cidades portuárias do Rio, Recife e Salvador, onde aportavam os escravos vindos da África. A história da capoeira tem umas misturas curiosas herança moura, com seus tamancos, lencinhos e "sardinhas" toda uma gíria fadista "capela", "branquinha", "rasteira"... a capoeira também é mestiça. Cabeçada, rasteira, rabo de arraia, meia lua... Arte, luta, malícia, brincadeira. Capoeira parece dança e é luta. Parece luta e é brincadeira. Capoeira é um jeito de lutar jogando, rindo, dissimulando. É liberdade brincada, dançada. 
O Frevo surgiu em Pernambuco, entre o fim do século XIX e o início do século XX, primeiramente como um ritmo carnavalesco, nascido dos maxixes, dobrados, polcas e marchinhas de carnaval. O frevo originalmente não tem letra, é só tocado por uma banda.

Do ritmo mais rápido, das bandas de músicas marciais, surgiu a dança do frevo, nos desfiles antigos de carnaval, quando jogadores de capoeira abriam o caminho para os músicos passarem pela multidão. O frevo mistura passos de ballet, capoeira e cossacos.

O nome frevo tem origem na palavra ferver, que na pronúncia popular virou “frever”. O significado é o mesmo de fervura, ou seja, agitação, rebuliço. O termo foi usado pela primeira vez em 1908, em um Jornal chamado Pequeno.

Embora arraste multidões dançando e divertindo-se, o frevo é uma dança complexa, de passos complicados, muita improvisação, que misturam rodopios, gingados, passos miúdos, malabarismos entre outros. Os dançarinos utilizam ainda uma sombrinha colorida (aberta) enquanto dançam, demonstrando grande técnica.

Existem mais de cem passos conhecidos do frevo, sendo os mais famosos: Locomotiva, Dobradiça, Fogareiro, Capoeira, Tesoura, Mola, Ferrolho e Parafuso, entre outros.

Nos anos 30, o frevo foi dividido em três ritmos:

* Frevo-de-Rua – É o frevo completamente instrumental, feito exclusivamente para dançar. A música do Frevo-de-Rua pode ter: notas agudas (frevo-coqueiro), predominância de pistões e trombones (frevo-abafo) e introdução de semicolcheias (frevo-ventania).

* Frevo-de-Bloco – Originada das serenatas realizadas paralelamente ao carnaval, no início do século. A orquestra de Pau e Corda é composta de banjos, violões, cavaquinhos e recentemente vem sendo utilizado também o clarinete.

* Frevo-Canção – Frevo mais lento, com algumas semelhanças em relação à marchinha carioca. É composto por uma introdução e uma parte cantada, terminando ou começando com um refrão.

O carnaval de Olinda é o carnaval do frevo, que pode ser considerado o carnaval mais popular do país, embora não seja o maior. Isso porque no carnaval do frevo não existem escolas de samba, sambas-enredo ou trios elétricos, ou seja, o carnaval é realizado pelo povo, pelas famílias que saem nas ruas para a folia.

Pesquisas:
web 
CURTA!
Thais Pacievitch  Dança
Postado por Mestre Bicheiro

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

MESTRE NASCIMENTO GRANDE


Nascimento Grande
"O gigante do Recife"

Assim como Manduca da praia que reinou entre os malandros do Rio de Janeiro durante o segundo império e Besouro Magangá um dos principais nomes da capoeira baiana nos primeiros anos da República velha, Nascimento Grande foi o maior nome da capoeira de Pernambuco durante o período das maltas até o apogeu das mesmas em 1912.

A data do seu nascimento é incerta, porém o professor, poeta, compositor, pintor e teatrólogo Wanderley Eustorgio(1882-1962), amigo pessoal de Nascimento grande, nos informa no seu livro;
 "Tipos populares do Recife antigo" que o nosso personagem teria nascido em 1942.

Outra grande contribuição vem do escritor, jornalista, historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898—1986), nos dá as seguintes informações.
José Antonio do Nascimento Silva, era estivador trabalhava no caís do porto do Recife, homem alto com 2 m de altura, corpo cheio de musculos, com aproximadamente 130 quilos, mulato com bigodes, de sorriso cordial e cortês, dotado de gentileza e educação. Usava chapeu com abas, tinha nos braços e pernas uma capa de borracha dobrada para amortecer as pancadas dos seus inimigos. Estava sempre acompanhado da sua bengala de quinze quilos, que ele chamava "a volta".Uma bengalada derrubava, duas bengaladas desmaiava, três bengaladas matavam. Há quem diga que essa bengala era de ferro.

Suspeitam se que Nascimento assim como besouro era um homem do povo que não provocava brigas, porém não aceitava injustiças com os menosprezados pela sociedade, ao contrário de Manduca da Praia que prestava serviços a elite e tinha os seus próprios interesses. Mas assim como os outros dois Nascimento não dispensava uma contenda quando topava de frente com outro valente.

Nascimento era adepto do Catimbó(religião nordestina que mistura catolicismo, cadomblé e crenças indígenas), carregava sempre um santo lenho(amuleto voltado para a cruz de cristo) que mantinha o seu corpo fechado, frequentava também os terreiros de cadomblé, e todo domingo estava presente na missa do vigário.

Nascimento era um homem da noite, estava sempre dentro dos cabarés e na boêmia do Recife antigo, as prostitutas lhe adoravam pois o mesmo era defensor das mesmas, Sempre que aparecia um valentão, um cafetão ou mesmo clientes metidos a machões maltratado essas moças, Nascimento comprava a briga. Isso era fato raro entre os antigos malandros, pois a maioria deles judiavam muito dessas moças que não tinham ninguém por elas, os baianos Pedro Mineiro e Pedro Porreta, que muitos acreditam terem sido cafetões de rua na Bahia, estavam sempre sendo detidos por violência contra essas mulheres da noite. 

Nascimento X Pagéu:

Pagéu era do bairro de São José foi um dos mais afamados e perigos valentes que o Recife já viu, um covarde que não tinha dó de surdo, nem de mudo, nem de cego, nem de alejado, espancava mulheres e crianças e era temido até pela policia. Certa vez em um cabaré Pajéu espancou uma moça que se recusou a ter relações sexuais com ele, Nascimento tava lá, comprou a briga da moça e o pau quebrou no local. Pajéu lhe atacou com uma "viana"(faca), na intenção de matá lo, mas Nascimento o desarmou e o espancou. Não contente com isso,  além de fazer o cara vestir a saia que a moça usava Nascimento ainda obrigou o mesmo a fazer sexo oral em um outro cliente que alí se encontrava.

Nascimento X Corre Hoje:

Certa vez em Vitória de Santo Antão, Nascimento defrontou-se com o terrivel e perigoso capoeirista conhecido pela alcunha corre hoje. Há quem diga que o valentão corre Hoje e o valentão Antônio Padroeiro seja a mesma pessoa, porém não existe fonte que comprove essa afirmação. Na ocasiso Corre Hoje e mais sete comparças cercou Nascimento Grande após a missa do Carmo. Durante a briga os comparsas fugiram deixando corre hoje,  ficou sozinho, nesse dia a tragedia inevital aconteceu Nascimento Grande acabou matando o seu desafecto. Porém o que marcou esse dia não a foi a morte do valente e sim a atitude de Nascimento grande, que pegou o corpo e levou até a igreja local exigindo que o padre fizesse um velório cristão. 

Nascimento X João sabe tudo:

Primeiro uma breve descrição sobre João sabe tudo. Esse ao contrário de Nascimento era franzino e de estatura média, e mancava de uma perna devido a um tiro que levou da policia no joelho esquerdo, o mesmo era tão temido e respeitado quanto Nascimento no Recife antigo, eram inimigos mortais e toda vez que se encontravam eram inevitável a contentenda. Nesse dia não foi diferente, Sabe Tudo com uma peixeira e Nascimento com a sua bengala, todos queriam ver a briga e a multidão se formou, os dois maiores valentes de Pernambuco mais uma vez se enfrentavam, a polícia não se meteu por que não teve coragem, a briga durou muito tempo, e só parou por que durante a pancadaria foram parar na frente da igreja com a multidão que os acompanhavam, o padre da igreja local teve que intervir e ordenou aos valentes que respeitassem a casa de Deus. Ambos por serem muito religiosos acataram a decisão do padre e pararam a briga já quase desfalecidos, ambos estavam muito machucados e a briga terminou sem um ganhador.

No início do séc. XX, Nascimento teria ido para o Rio de Janeiro com um grupo de retirantes e lá ele se defrontou com um dos mais perigosos capoeiristas do Rio o malandro e boêmio Miguel camisa preta Camisa Preta, um dos mais temidos capoeiristas do Rio de Janeiro, nesse confronto Nascimento teria lhe matado, porém essa versão é contestada pelos cariocas que atribui a morte do antigo malandro a uma emboscada.

Quanto morte de Nascimento grande alguns dizem que o mesmo teria morrido no Recife com mais de cem, após a sua volta do Rio de Janeiro. Outros dizem que ele morreu no Rio de Janeiro por volta de 1936 aos 94 anos de idade. 
Reza a lenda que antes da sua possível morte no Rio de Janeiro em 1936, Nascimento se meteu em uma última briga. Já idoso ele teria comprado um abacaxi e ao chegar em casa se deu conta que o abacaxi estava estragado e voltou para devolver, o vendedor achando que aquele ancião era um velhinho qualquer resolveu tirar uma onda da cara do nosso personagem e levou uma tremenda surra.

Uma breve reflexão:

Ser valentão, brigador, frequentador da noite, obter o respeito da malandragem era a meta da maioria dos capoeiristas, tanto os capoeiras das maltas dos séc. XIX, quanto os boêmios dos grandes centros do séc. XX. Porém homens de destaques como Nascimento Grande(PE), Besouro(BA), Manduca da Praia(RJ), Camisa Preta(RJ), Pedro mineiro(BA), e muitos outros tinham que ter as atenções dobradas no dia a dia, pois além da policia que os perseguiam, também haviam outros valentões tentando destrona los a qualquer custo. Essas brigas de Nascimento grande que parecem ser histórias exageradas eram fatos comuns da época. Imagine um cara que consegue derrotá-lo ou matá-lo? Esse seria respeitado entre os bambas, seria temido pela polícia, teria a mulher que quisesse, emfim obtinha o respeito à moda antiga. Ser valente era sinônimo de ser famoso, destronar um valente era sinal de fama eterna. A boa e a má malandragem andavam lado a lado, e no jogo pela sobrevivência valía de tudo, a mandinga, a covardia, a lealdade, a traição, a verdadeira e falsa amizade, a astúcia, a coragem tudo isso era sinônimo de sobrevivência onde a lei era só uma. "O último a cair era sempre o vencedor".

Fontes:
.Eustórgio Wanderley; 
(Tipos populares do Recife antigo). 1954.

.Luíz da Câmera Cascudo
Historiador, Antropólogo, Advogado, Jornalista e Folclorista brasileiro, que nasceu na virada do séc. XIX para o séc. XX, e chegou a conhecer Nascimento Grande. 
(Histórias que o tempo leva – Ed. Monteiro Lobato, S. Paulo, outubro 1923,1924).
CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 10ª ed., Ediouro, Rio de Janeiro, s/d,

.ARAÚJO, Guilherme de. Capoeiras e Valentões do Recife. Revista do instituto arqueológico, histórico e geográfico pernambucano, Recife:

.Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São P

Texto:
Antônio Luíz dos Santos Campos ( boa alma )

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

MESTRE TOTONHO DE MARÉ

MESTRE TOTONHO DE MARÉ
              (m. maré)

Antônio Laurindo Das Neves nasceu na última década do séc. XIX, no dia 17 de setembro do ano de 1894 na Ilha de Maré, Salvador(BA) era filho de Manoel Gasparino Neves e de Margarida Neves, era 5 anos mais novo que o Mestre Pastinha(1889-1981), 1 ano mais velho que Besouro Magangá(1895-1924), e 6 anos mais velho que o Mestre Bimba(1900-1974). Foi um dos mais afamados entre os antigos capoeiristas da Bahia, o próprio dizia ter aprendido capoeira sozinho. Foi observando mais antigos que ele jogarem que o Mestre Maré desenvolveu o seu aprendizado e depois foi testa-lo pelas ruas de Salvador, com o passar do tempo o mesmo ganhou as rodas e o respeito dos bambas do seu tempo.

Maré compôs o seleto grupo de bambas que frequentava a  gengibirra. A gengibirra era a nata da capieoragem baiana, frequentada por Aberrê, Livino Diogo, Noronha, Amorzinho e muitos outros grandes nomes da  capoeira da Bahia nas primeiras décadas do séc. XX.(inclusive esse último "Amorzinho" era um guarda de quarteirão, foi ele quem entregou ao Mestre Pastinha a responsabilidade de assumir e organizar gengibirra no ano de 1941).

O Mestre Maré era um homem fisicamente muito forte, a sua força, a sua destreza e a sua grande  estatura o-fez ser vencedor de grandes duelos corporais em lutas de rua pela Bahia. Durante a sua juventude, foi por diversas vezes campeão baiano de capoeira(lutas clandestinas organizadas por estivadores do caís que além de Maré tinha o estivador e capoeirista Victor H.U, como um dos grandes campeões, lembrando que o Mestre Bimba foi o primeiro a subir no ringue em lutas oficiais durante os anos 30, inclusive Victor H.U, foi um dos lutadores derrotado pelo criador da regional). Muitos dos antigos angoleiros eram respeitados pelos seus certeiros rabos de arraia, Maré era respeitado pelas suas certeiras e fortes cabeçadas que sempre levava ao chão quem as-recebiam, ora fossem companheiros de jogo, ora fossem adversários de luta em brigas de rua.

Maré foi um capoeirista n'uma época em que a capoeira era proibida pelo código penal, um período onde os seus praticantes a-usavam para os mais variados meios. A capoeira era um meio de sobrevivência, era a principal arma nos conflitos com a polícia, era usada para fazer capangagem política, era usada para marcação de território, era usada nas brigas dentro das casas de prostituição, era usada para guardar casas de jogos, era usada para resolver pendências pessoais e etc. Todos esses fatores faziam a sociedade ver a capoeira e os capoeiristas como um perigo para a sociedade. Ser capoeirista no tempo do Mestre Maré era matar um leão por dia, não bastava ficar atento apenas com a perseguição policial, teria também que se esquivar dos grandes valentões que ganharam as ruas de Salvador nesse período.

Maré assim como o Mestre Noronha não tinha uma roda de capoeira fixa, ele participava das rodas dos amigos geralmente nas festas de largo da Bahia. A voz trêmula da velhice, a barba branca, as rugas no rosto e os cabelos brancos lhe garantiam o respeito de todos dentro da capoeiragem. Não era muito de se meter confusões e só brigava para se defender, foi preso apenas uma vez depois tomar a arma de um homem que queria mata-lo, e após espancar o dito cujo ele foi parar na cadeia. Participou do filme "dança de guerra dirigido pelo Mestre Jair Moura no ano de 1968, um documentário com a participação dos grandes mestres da velha guarda baiana, nesse periodo o Mestre Maré já tinha 74 anos de idade, seis anos antes da sua morte. A única entrevista existente em audio do Mestre Maré  foi gravada justamente por Jair Moura durante as gravações de dança de guerra, além do filme e da entrevista existe também um CD, relativo ao documentário, tudo isso está disponível no YouTube.

Muito pouco se sabe sobre esse importante nome da capoeiragem baiana, um dos mais
importantes nomes da capoeira antiga registrado na história. O Mestre Bimba se referia ao mesmo como "meu companheiro Maré", ambos tinham um respeito muito um pelo outro. Inclusive os antigos angoleiros ao questionarem as gloriosas vitórias do Mestre Bimba no ringue usaram o argumento que ele teria que lutar com o Mestre Maré que era campeão baiano, porém essa luta nunca aconteceu.

Para tristeza da capoeira e da cultura Brasileira, no dia 18 de outubro de 1974 as cortinas do espetáculo da vida se fechou para o mestre Maré, e ele fez a sua passagem aos 80 anos de idade. Oito décadas de muitas aventuras, capoeiragem, alegrias, tristesas, glórias e muitas histórias. Infelizmente Maré não escapou da triste sina da capoeiragem antiga de morrer na miséria, assim como morreu Bimba, Pastinha, Noronha e toda a nata da capoeira baiana.

 "Faço parte do grupo de galanteiros da capoeira "
              (M. Maré)

Fontes:
entrevista cedida por Maré a Jair Moura em 1968.

.MAGALHÃES FILHO JOGO DE DISCURSOS: A DISPUTA POR HEGEMONIA NA TRADIÇÃO DA CAPOEIRA ANGOLA BAIANA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais.

               Texto:
Antônio Luiz dos Santos Campos(boa alma)
Mestre Maré aos 80 anos de idade

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Proibição da Capoeira


No dia de 11 de outubro de 1890 a 126 anos atras através de um decreto de Marechal  Deodoro da Fonseca foi intiguido a legalidade  da CAPOEIRA.assim se tornando crime e repudiada  de todas formas caçada e quase erradicada do  nosso Brasil  sendo preso os seus praticantes e mandado pra o presídio Fernando de Noronha. E SÓ sendo removida do código  penal em 1937 pelo sr nosso presidente Getúlio  Vargas. 


DECRETO  N. 847 – DE 11 DE OUTUBRO DE 1890



O Generalissimo Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brazil, constituido pelo Exercito e Armada, em nome da Nação, tendo ouvido o Ministro dos Negocios da Justiça, e reconhecendo a urgente necessidade de reformar o regimen penal, decreta o seguinte: CODIGO PENAL DOS ESTADOS UNIDOS DO BRAZIL

LIVRO III - Das contravenções em especie

CAPITULO XIII - DOS VADIOS E CAPOEIRAS

Art. 399. Deixar de exercitar profissão, officio, ou qualquer mister em que ganhe a vida, não possuindo meios de subsistencia e domicilio certo em que habite; prover a subsistencia por meio de occupação prohibida por lei, ou manifestamente offensiva da moral e dos bons costumes:

Pena – de prisão cellular por quinze a trinta dias.

§ 1º Pela mesma sentença que condemnar o infractor como vadio, ou vagabundo, será elle obrigado a assignar termo de tomar occupação dentro de 15 dias, contados do cumprimento da pena.

§ 2º Os maiores de 14 annos serão recolhidos a estabelecimentos disciplinares industriaes, onde poderão ser conservados até á idade de 21 annos.

Art. 400. Si o termo for quebrado, o que importará reincidencia, o infractor será recolhido, por um a tres annos, a colonias penaes que se fundarem em ilhas maritimas, ou nas fronteiras do territorio nacional, podendo para esse fim ser aproveitados os presidios militares existentes.

Paragrapho unico. Si o infractor for estrangeiro será deportado.

Art. 401. A pena imposta aos infractores, a que se referem os artigos precedentes, ficará extincta, si o condemnado provar superveniente acquisição de renda bastante para sua subsistencia; e suspensa, si apresentar fiador idoneo que por elle se obrigue.

Paragrapho unico. A sentença que, a requerimento do fiador, julgar quebrada a fiança, tornará effectiva a condemnação suspensa por virtude della.

Art. 402. Fazer nas ruas e praças publicas exercicios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denominação capoeiragem; andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, provocando tumultos ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal:

Pena – de prisão cellular por dous a seis mezes.

Paragrapho unico. E' considerado circumstancia aggravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos chefes, ou cabeças, se imporá a pena em dobro.

Art. 403. No caso de reincidencia, será applicada ao capoeira, no gráo maximo, a pena do art. 400.

Paragrapho unico. Si for estrangeiro, será deportado depois de cumprida a pena.

Art. 404. Si nesses exercicios de capoeiragem perpetrar homicidio, praticar alguma lesão corporal, ultrajar o pudor publico e particular, perturbar a ordem, a tranquilidade ou segurança publica, ou for encontrado com armas, incorrerá cumulativamente nas penas comminadas para taes crimes.

Mestre Bicheiro

domingo, 12 de junho de 2016

Manoel Raimundo Quirino


O autor: Manoel Raimundo Quirino (1851-1923)

Na busca por conhecer aqueles que se dedicaram a estudar a Capoeira encontrei Manoel Quirino. Esse homem, baseado em biografias espalhadas pela internet, me aparentou ser alguém muito maior do que somente, alguém que estudou (ou falou sobre) a capoeira. O inicio de sua vida se assemelha a história de vida de muitos brasileiros desprovidos de poder aquisitivo, inclusive tendo vivido experiências que somente aqueles esquecidos pelo poder publico passam, mas que no entanto, teve (ou construiu) um destino diferente.

Afrodescendente, nasceu em Santo Amaro da Purificação (28 de julho de 1851) e veio a falecer aos 71 anos em Salvador (14 de fevereiro de 1923), em sua vida acumulou feitos e posturas que para aquela sociedade da vira do século XIX para o século XX eram tida não para ele, mas para uma sociedade branca e elitista. Foi um intelectual afro-descendente, aluno fundador do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e da Escola de Belas Artes, pintor, escritor, líder abolicionista e pioneiro nos registros antropológicos da cultura africana na Bahia.


Mas comecemos pela sua infância. A epidemia de cólera ocorrida 1855, em Santo Amaro, o tornou órfã e foi confiado aos cuidados de um tutor, o professor Manoel Correia Garcia, que o iniciou nas primeiras letras. Mais velho e o Brasil estando em conflito com o Paraguai serviu no exercito durante a guerra, a sua escolaridade lhe possibilitou ficar distante das linhas de combate atuando como escriba. Findada a guerra dedicou-se ao desenho e à pintura, estudando no Liceu de Artes e Ofícios e na Academia de Belas Artes, onde também trabalhou. Formou-se em Desenho Geométrico e passou a lecionar no Liceu e no Colégio de Órfãos de São Joaquim e produziu dois livros didáticos sobre desenho geométrico.

Atuou na política como abolicionista e fundou o Partido Operário e a Liga Operária Baiana, onde travou no meio intelectual debates contra as idéias preconceituosas da ciência de então, esposadas por Nina Rodrigues. Sua atuação foi tão notória que inspirou a criação do personagem Pedro Arcanjo, figura central do romance Tenda dos Milagres de Jorge Amado.


O texto: A Capoeira.

O texto de Manoel Quirino - A Capoeira, foi dividido em duas partes. Podemos considerar que na primeira parte o autor caracterizou o capoeira, definindo seu tipo, seus hábitos, seu jogo. Já na segunda parte, o autor fala dos capoeiras que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870). Quem sabe, nessa parte, não tenha muito de sua experiência de vida, pois participou nela.


Começa, desta forma, construindo uma definição para a capoeira de seu tempo (virada do século XIX para o XX) com os seguintes elementos: O Angola; A Capoeira; e O Capoeira. O Angola seria um tipo de instrutor da capoeiragem, a raiz africana; A Capoeira seria um jogo atlético. Já a definição sobre O Capoeira mais longa, expõe esse tipo como um sujeito desconfiado e alerta, que interpreta como um ataque um gesto de cortesia se lançando longe de quem lhe fazia uma saudação, um cumprimento. Sujeito que sempre estaria envolvido em luta, principalmente em dia de festa santa, como o domingo de Ramos. Fala que existiam capoeiras profissionais e amadores, e que a capoeira não era restrita somente à pessoas das camadas mais desfavorecidas, sendo também praticada como um exercício por "pessoas de representação social".

Zuavos da Bahia

Um ponto interessante de sua narrativa está na motivação que encontraria a juventude da época para a pratica da capoeira, inspirada em historias de Carlos Magnos e os doze pares de França e pelas narrações guerreiras sobre a vida de Napoleão Bonaparte. Não deixando, no entanto, de mencionar uma certa mania de ser valente.

Por fim, descreve a brincadeira e transcreve uma música que seria cantada nas rodas daquela época.


Na segunda parte, Manuel Quirino fala sobre os capoeiras durante a Guerra do Paraguai. Chama a atenção para os capoeiras (zuavos baianos) que lutaram na campanha do forte do Curuzú; conta a história de dois capoeiras que serviram no exercito brasileiro durante o século XIX e se destacaram (e enfrentaram problemas)  por serem capoeiras: Cezário Álvaro da Costa e de Antônio Francisco de Melo. Vale a pena conhece-los.
Fonte :Web
Postado por Mestre Bicheiro

CAPOEIRA DE OUTRORA


Manuel Raimundo Querino - Bahia de Outrora /1916

A Capoeira

O Angola era, em geral, pernostico, excessivamente loquaz, de gestos amaneirados, typo completo e acabado do capadocio e o introductor da capoeiragem, na Bahia. A capoeira era uma especie de jogo athletico, que consistia em rapidos movimentos de mãos, pés e cabeça, em certas desarticulações do tronco, e, particularmente, na agilidade de saltos para a frente, para traz, para os lados, tudo em defesa ou ataque, corpo a corpo. O capoeira era um individuo desconfiado e sempre prevenido. Andando nos passeios, ao approximar-se de uma esquina tomava immediatamente a direcção do meio da rua; em viagem, si uma pessoa fazia o gesto de cortejar a alguem, o capoeira de subito, saltava longe com a intenção de desviar uma aggressão, embora imaginaria.

O domingo de Ramos fôra sempre o dia escolhido para as escaramuças dos capoeiras. O bairro mais forte fôra o da Sé; o campo da lucta era o Terreiro de Jesus. Esse bairro nunca fora atacado de surpresa, porque os seus dirigentes, sempre prevenidos fechavam as embocaduras, por meio de combatentes, e um tulheiro de pedras e garrafas quebradas, em forma de trincheiras, guarneciam os principaes pontos de ataque, como fossem: ladeira de S. Francisco, S. Miguel, e Portas do Carmo, na embocadura do Terreiro. Levava cada bairro uma bandeira nacional, e ao avistarem-se davam vivas vas a sua parcialidade.

Terminada a lucta, o vencedor conduzia a bandeira do vencido.

Nos exercicios de capoeiragem, o manejo dos pés muito contribuia para desconcertar o adversario, com uma rasteira, desenvolvida a tempo.

No acto da lucta, toda a attenção se concentrava no olhar dos contendores; pois que, um golpe imprevisto, um avanço em falso, uma retirada negativa poderiam dar ganho de causa a um dos dois. Os mais habeis capoeiras, logo aos primeiros assaltos, conheciam a força do adversario; e, neste caso, já era uma vantagem, relativamente ao modo de agir.

Por muito tempo, os exercicios de capoeiragem interessaram não só aos individuos da camada popular, mas tambem às pessoas de representação social; estas, porém, como um meio de desenvolvimento e de educação physica, como hoje é o foot-ball e outros géneros de sport. Os povos cultos têm o seu jogo de capoeira, mas sob outros nomes: assim, o português joga o pau; o francez, a savata; o inglez, o soco; o japonez, o jiu-jitsu, a imitação dos jogos olympicos dos gregos e da lucta dos romanos.

Havia os capoeiras de profissão, conhecidos logo á primeira vista, pela attitude singular do corpo, pelo andar arrevesado, pelas calças de bocca larga, na pantalona, cobrindo toda parte anterior do pé, pela argolinha de oiro na orelha, como insignia de força e valentia, e o nunca esquecido chapéu á banda.

Os amadores, porém, não usavam signaes caracteristicos, mas, exhibiam se galhardamente, nas occasiões precisas. No domingo de Ramos e sabbado de Alleluia entregavam-se a desafios e luctas, nos bairros então preferidos, como fossem: o da Sé, S. Pedro, Santo Ignacio ou da Saúde.

Previamente, parlamentavam, por intermedio de gazetas manuscriptas. Duas circumstancias actuavam, poderosamente, no espirito da mocidade, para se entregar aos exercicios de capoeiragem: a leitura da Historia de Carlos Magno ou os doze pares de França, e, bem assim, as narrações guerreiras da vida de Napoleão Bonaparte. Era a mania de ser valente como, modernamente, a de cavador. Nesses exercicios, que a gyria do capadocio chamava de -- brinquedo, dansavam a capoeira sob o rythmo do berimbau, instrumento composto de um arco de madeira flexivel, preso ás extremidades por uma corda de arame fino, estando ligada a corda numa cabacinha ou moeda de cobre.

O tocador de berimbau segurava a o instrumento com a mão esquerda. e na direita trazia pequena cesta contendo calhaus, chamada -- gongo, além de um cipó fino, com o qual feria a corda, produzindo o som.

Depois entoava essa cantiga:

Cantiga 
"Tiririca é faca de cotá, 
Jacatimba muleque de sinhá, 
Subiava ni fundo di quintá.

Aloanguê, caba de matá 
Aloanguê.

Marimbondo, dono de mato 
Carrapato, dono de fôia, 
Todo mundo bêbê caxaxa, 
Negro Angola só leva fama.

Aloanguê, Som Bento tá me chamando,
Aloanguê.

Cachimbêro nã fica sem fogo,
Sinhá veia nã é mai do mundo,
Doença que tem nã é boa,
Nã é cousa de fazê zombaria.

Aloanguê, Som Bento tá me chamando, 
Aloanguê.

Pade Inganga fechou corôa
Hade morê;
Parente, não. me caba de matá.

Aloanguê, Som Bento tá me chamando, 
Aloanguê. Aloanguê.

Camarada, toma sintido,
Capoêra tem fundamento.

Aloanguê, Som Bento tá me chamando, 
Aloanguê, caba de matá.
Aloanguê. "

Por occasião da guerra com o Paraguay o governo da então Provincia fez seguir bom numero de capoeiras; muitos por livre e espontanea vontade, e muitissimos voluntariamente constrangidos. E não foram improficuos os esforços desses defensores da Patria, no theatro da lucta, principalmente nos assaltos á baioneta. E a prova desse aproveitamento está no brilhante feito d'armas praticado pelas companhias de Zuavos Bahianos, no assalto ao forte de Curuzú, debandando os paraguayos, onde galhardamente fincaram o pavilhão nacional.

Cezario Alvaro da Costa, rapaz bem procedido e caprichoso, não era um profissional, mas, amador competente. Marchou daqui para o sul, como cabo d'esquadra do 7°. batalhão de caçadores do exercito. Nos primeiros encontros com o inimigo, começou por distinguir-se, a ponto de ser apreciado por seus superiores, e, fora subindo gradualmente, até o posto de alferes. Certo dia, depois de um combate Cezario da Costa encontrou dois paraguayos, e enfrentou-os corajosamente. Depois de acirrados recontros e, auxiliado pelo que conhecia de esgrima da baioneta, conseguiu supplantar os adversarios. Este acto de bravura, unido a outros anteriormente praticados, levaram-no á promoção no posto immediato, e a ser condecorado com o habito da Ordem do Cruzeiro, pelo marechal Conde d'Eu. Esse official falleceu em Bage, Rio Grande do Sul, no posto de capitão.

Antonio Francisco de Mello, natural de Pernambuco, seguiu para a campanha, no posto de primeiro cadete sargento ajudante do 9°. batalhão de caçadores do exercito. Não se limitava a simples amador de capoeira, possuia tendencia pronunciada para um destemido profissional, o que, decididamente, lhe prejudicou, demorando a promoção apesar de possuir certa importancia pessoal, tendo o curso de preparatorios. Não lhe eram favoraveis as opiniões escriptas pelos commandantes de corpos, nas relaçoes semestraes, livro onde se apurava o comportamento dos officiaes inferiores. O cadete Mello usava calça fôfa, bonet ou chapeo a banda, pimpão, e não dispensava o geito arrevesado dos entendidos em mandinga.

Francisco de Mello fazia parte do contingente a bordo da corveta Parnahyba, na memoravel batalha do Riachuelo, e a respeito assim se pronunciou o commandante do navio:

"O contingente do 9°. batalhão portou-se como era de esperar de soldados brasileiros. Enthusiasmo no acto da abordagem, valor e esforço denodado na lucta travada braco a braço com o inimigo, excedem ao melhor elogio".

Depois dessa acção, o cadete Mello fôra promovido a alferes e condecorado. Esteve na campanha até o anno de 1869, quando voltou ao Brasil, ficando addido ao 5°. batalhão, no Rio de Janeiro. No dia que estava de serviço, costumava dizer: --

"Camaradas! sabem quem esta de estado hoje? Quem esta debaixo dos pés de S. Miguel."

Passava a noite a velar, fazendo revista incerta a toda hora. Quem faltava a revista, no dia immediato corria marche-marche por espaço de duas horas. Era o unico official que podia conter a soldadesea desenfreiada, nos dias de pagamento de soldo. Promovido a capitão, falleceu num dos Estados do Norte. Trago esses dois exemplos para justificar que a capoeira tem a sua utilidade em determinadas occasiões.

No Rio de Janeiro, o capoeira constituia um elemento perigoso; tornando-se necessario que o governo, pela portaria de 31 de Outubro de 1821, estabelecesse castigos corporaes e providencias outras, relativas ao caso.
Postado por Mestre Bicheiro

terça-feira, 19 de abril de 2016

História do uso do cordão na cintura.


História do uso do cordão na cintura.

Olá galera olha só uma curiosidade da capoeira, a origem da corda na cintura ela tem muitas hipóteses na época dos hebreus eram usadas para segurar sua batas na cintura e os pastores usavam uma especial com um couro no meio e era usada como arma de mão  para atirar pedras chamado de "Funda" o fato mais lembrado disso e a passagem de Davi e Golias. E ela foi usada mais ou menos por volta de 1200 pela Ordem dos Franciscanos e abades como um símbolo de pobreza e simplicidade. Já a partir  da escravidão os negro a usavam como corda de segurar as calças, mas foi usado uma forma um sistema para identificar e nomear o negro veja.

LADO ESQUERDO

Identificava os negros que chegavam e ainda não tinham donos eram estes chicoteados e maltratados.

LADO DIREITO 

Os negro escravos mas que ja tinham dono podendo andar em alguns lugares trabalhar mas tudo restringido pelo seu dono, tendo algumas regalias: andava melhor vestido, se alimentava melhor e não era chicoteado como os outros.

 Na capoeira primeiro fato famoso foi um célebre jogador de Capoeira que foi consagrado nos versos e prosas com um cordão de ouro  chamado  Besouro o cordão de ouro, após esse período  em 1969  se cria a primeira graduações de cordoes na Associação de Capoeira Senzala,ja em 1972 foi implantado  a recém Federação de Capoeira um sistema de graduação de cordões baseado nas cores da Bandeira e ja nesta mês época duas associações são contra a recém atitude da federação  paulista de Capoeira, sendo estas a Ass. de Capoeira Capitães  da Areia  e a Ass. de Capoeira Cativeiro não usando o sistema de cor e fundamento da federação por que a capoeira era escravizada pela Bandeira  e em pleno regime Militar; em  protesto criaram um sistema de graduação baseado nas fases da escravidão e o outro nas bases das cores da Religião Afro...
 Axé.
                

MESTRE BICHEIRO 



domingo, 3 de abril de 2016

Mestre Anand das Areia



Mestre Caiçara


Mestre Caiçara

Foi no Recôncavo baiano, um lugar de segredos, mistérios e muita magia que nasceu um dos maiores nomes da História da capoeira de todos os tempos. Foi no dia 08 de maio de 1924 que Dona Adélia Maria da Conceição, famosa Ilalorixá da cidade de Cachoeira deu a luz ao menino Antônio Conceição Moraes, que futuramente seria conhecido como Mestre Caiçara.  

A infância humilde e sofredora não impediu esse Cachoeirano de mergulhar de cabeça nas várias manifestações que o Recôncavo, 
"o berço da cultura brasileira", proporciona aos privilegiados nativos do lugar. Alem de respirar as tradicoes ancestrais Caiçara tambem conheceu também outras culturas, foi praticante de Jiu-Jitsu, Boxe, Luta Livre e Luta Greco-Romana, porém foi na capoeira que escreveu a História e ficou famoso no mundo no mundo todo.

Em 1938, aos 14 anos anos de idade começou a praticar capoeira com o Mestre Aberrê, esse lhe ensinou os segredos e mistérios da capoeiragem, mas foi o mestre Valdemar que lhe aperfeiçoou no canto e no toque de berimbau. Mestre Caiçara foi uma das figuras mais polêmicas da História da capoeira, um caderno de 200 folhas seria pouco para contar a sua História e também as estórias a seu respeito ao longo dos seus 59 anos de ginga. 

A Religiosidade:

Conheceu o candomblé e os seus mistérios através da sua mãe Adélia Maria da Conceição. A mesma o-teria preparado para assumir o seu lugar após a sua morte, foi questão de tempo para jovem Caiçara se tornasse respeitado no segmento, transformando se em um dos maiores líderes religiosos e conhecedores da religião afro em território brasileiro. Dependendo da quantidade de inimigos a sua reza forte era uma arma infalível na hora que a força física se esgotava, pois quem o-conhecia sabia que não era de enfeites as várias e diferenciadas guías que trazia em volta do pescoço. Chegou a ter duas casas de cadomblé uma na Rua Uruguaia em Salvador e outra na cidade de Goiana no estado de Pernambuco. Porém se desgostou e abandonou o candomblé depois de ver a patifaria que o mesmo havia se tornado naquele determinado período, a cachaçada, a prostituição, o tráfico e muitas outras mundanices que naquele momento permeavam os terreiros de Salvador o fizeram afastar da religiosidade.

As polemicas:

Durante a sua juventude Caiçara trabalhou de magarefe(abatedor de bois), o próprio dizia que quando queria arrumar uma encrenca, matava o boi bebia o sangue e saia feito um louco procurando brigas.

Rodou a Bahia testando a capoeira, ao todo foram 27 cicatrizes pelo corpo causadas por ferimentos de balas, navalha, faca, punhal, facão e etc. Cicatrizes essas que ele fazia questão de mostrar erguendo a camisa durante uma ladainha, pronunciando a seguinte frase:" ie... sou mandingueiro".

As confusões com a polícia:

 Ao mesmo que era preso pela polícia por desacato, brigas, capoeiragem, ou algum outro tipo de delito, Caiçara se contradizia pela sua autoridade reconhecida por muitos dos soldados do seu tempo que não ousava prende-lo.

Caiçara e o prefeito:

Nos anos 60 o Mestre Caiçara juntamente com o Mestre Traíra, usando a capoeiragem trabalharam fazendo capangagem política para o então prefeito de Salvador Antônio Carlos Magalhães.

Caiçara no Cangaço:

o mestre Dizia com orgulho que fez parte de um bando de cangaçeiros ainda na adolescência, narrava com emoção as suas performances no bando, mostrava para todos a foto dele vestido de cangaçeiro ao lado dos companheiros. Dizem que hoje essa foto se encontra em poder dos seus familiares. 

A bengala:

A bengala que o mestre sempre carregava e se apoiava, não era apenas um objeto para descanso e equilíbrio de um idoso, era uma e dependendo da situacao se tornava-se uma arma fatal. Aquela bengala lhe foi dada pelo seu mestre antes de morrer, que segundo Caiçara o seu Mestre sempre andava com bengalas 

Cobra mordeu Caiçara e morreu:

Segundo certa vez foi picado por um Jaracuçu, porém o mestre apelou para o seu santo e após rezar a cobra morreu, em seguida ele fez o corrido. " cobra mordeu Caiçara e morreu"

Mestre Caiçara x Mestre Bimba:

Certa vez Caiçara foi até o nordeste de Amaralina numa formatura do mestre Bimba e sentou-se como espectador na platéia. 
alguns turistas chamavam pelo nome do mestre Bimba que ainda não tinha entrado, foi nesse momento Caiçara gritou:
   - “O mestre sou eu”.

Os discípulos do mestre Bimba quiseram tirar satisfação  Porém Bimba disse:
 -Vamos fazer a exibição, depois
a gente acerta tudo.

No final do evento ambos foram jogar, e em um determinado momento Bimba lhe aplicou uma bênção partindo os lábios e lhe quebrando o nariz.

Caiçara então disse:
      - O que é isso mestre?

Respondeu Bimba:
    - Isso é pé meu filho.

O arrependimento e pedido de perdão ao mestre Bimba:

Em novembro de 1972, quando Bimba se despedia de Salvador para ir residir e trabalhar em Goiânia, o Mestre Caiçara, que há muitos anos não falava com ele, foi fazer as pazes com o antigo mestre e disse-lhe: “Sou o terceiro mestre da Bahia, depois do Senhor e do Mestre Pastinha, desculpe a minha ousadia”. Não vai embora mestre, a Bahia precisa do Senhor. 
No campo das conquistas o mestre não foi bobo não, ao longo da vida teve mais de 30 filhos com com inúmeras mulheres. Em um determinado período da sua juventude o mestre morou com duas mulheres ao mesmo tempo durante um ano, onze meses e seis dias, fato esse que ele tinha orgulho em narrar, pois sempre falava da sua vitalidade masculina para com as duas companheiras. 

A paixão pelas crianças:

Uma coisa que deixava o Mestre Caiçara furioso era ver crianças maltratadas, ao longo da vida adotou vários meninos(as) de rua. No mês de outubro ele sempre  fazia um carurú com seis mil quiabos no dia de São Cosme e São Damião e anunciava no carro de som para a alegria da meninada encostar. Outra grande paixão do mestre era os seus passarinhos, ele criava muitos, segundo o mesmo eram os pássaros o seu despertador pelas manhãs. 

Roupa de homem não dá em menino:

Essa frase nasceu depois que um jovem rapaz hoje conhecido no mundo da capoeira se apresentou como mestre em uma roda onde Caiçara era umas das atrações, ao questionar o rapaz sobre a sua História na capoeira pronunciou a seguinte frase: -" Coloquei se no seu lugar de aluno, roupa de homem não dá em menino rapaz".

Está aprendendo a soletrar e já acha que sabe ler:

Certa vez Caiçara jogava em uma roda quando viu um antigo aluno se a mostrando demais, o Mestre  o chamou para o jogo e acertou, deu lhe uma cabeçada certeira e disse:
   - " essas crianças de hoje são assim, começam a aprender soletrar e já acham que sabe ler.

Em 1969 gravou um LP cantígas de capoeira, toques de berimbau e Samba de Roda. O disco que questão que se tornou relíquia tem como título o nome da sua academia. Academia de Angola São Jorge dos iIrmãos Gemeos do Mestre Caiçara, a sua academia era sempre representada nas cores da famosa camisa verde e vermelha que o mestre sempre usava em suas rodas. 

Assim era o mestre Caiçara, conhecedor e defensor das tradições, valente porém com a alma de uma criança, polêmico, sério, extrovertido, brincalhão. Caiçara era imprevisível, foi o rei do Pelourinho em período onde a boêmia comandava aquele lugar, ali estavam presentes os donos da noite como: Prostitutas, traficantes, travestis, leões de chácaras, bicheiros e etc. Todos tomavam a sua bênção e respeitavam a figura mais respeitada do Pelô. 

Foi um dos maiores cantadores da capoeira de todos os tempos. Quem nunca ouviu falar sobre as ladainhas das festas de largo da Bahia? Pois é era ali que o mestre soltava o seu vozeirão que emocionava quem ouvia.

No dia 26 de agosto de 1997 a Bahia, a capoeira e toda a cultura brasileira choraram, Caiçara partiu para morar com Deus deixando muita tristesa nas rodas da terra, porém  o seu nome, esse se tornou imortal e hoje roda o mundo através da capoeira.

Fontes: 
. áudios extraídos do mestre Caicara em ouro preto no ano de 1987.

.capoeiristas e mestres famosos da Bahia(Pedro Abib)

texto:
Antônio Luiz dos Santos Campos
 ( boa alma )

Postado por Mestre Bicheiro