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sábado, 7 de dezembro de 2013

NELSON MANDELA "MANUSCRITO"

                             



 





NELSON MANDELA
ESTÓRIAS E SEUS MANUSCRITO
Durante a década de 1950 e início de 1960, Nelson Mandela era frequentemente enviado a celas de delegacias de polícia, celas judiciais e celas de penitenciárias por curtos períodos de tempo, pois seu trabalho político fez dele um alvo para o regime do apartheid. Após ser banido do Congresso Nacional Africano em 1960, ele passou à clandestinidade em 1961 e tornou-se líder do Umkhonto we Sizwe (MK), o braço armado do Congresso. Em 1962, ele foi capturado e condenado a cinco anos de prisão por deixar o país ilegalmente e incitar uma greve. Em 1963, ele foi julgado com outros líderes do MK no Julgamento de Rivonia, sendo por fim condenado à prisão perpétua por sabotagem. Mandela foi finalmente libertado da prisão em 1990, após mais de 27 anos de prisão ininterrupta. Dezoito desses anos foram passados na Ilha Robben.
“... Tirávamos nossa força e nosso sustento de saber que éramos parte de uma humanidade maior do que os nossos carcereiros poderiam reivindicar.”
Não há entrada para o levante de 16 de junho de 1976 em Soweto. Nelson Mandela e seus companheiros só souberam disso muito mais tarde, quando novos prisioneiros políticos chegaram à Ilha Robben. Nos primeiros anos na ilha, Mandela e seus colegas prisioneiros não podiam ler jornais e ouvir rádio. Nelson Mandela registra a visita da mídia à Ilha Robben em 1977. O regime do apartheid organizou a visita de jornalistas para dissipar rumores sobre as condições adversas na Ilha. Em seus primeiros anos de prisão, Nelson Mandela e seus companheiros foram proibidos de ter relógios. Inicialmente, ele fez um calendário na parede de sua cela. Mais tarde, ele recebeu autorização para pedir um calendário de mesa por ano para a Secretaria de Turismo sul-africana. Ele manteve uma série de calendários de mesa na penitenciária da Ilha Robben, onde esteve preso de 13 de junho de 1964 a 31 de março de 1982, na penitenciária Pollsmoor, onde ficou até 12 de agosto de 1988 e na penitenciária Victor Verster, de sua transferência até sua libertação em 11 de fevereiro de 1990.Ele continuou registrando informações nesses calendários enquanto esteve no hospital, em 1988 – primeiro no Tygerberg Hospital e depois em Constantiaberg MediClinic – em tratamento contra a tuberculose. Esses calendários de mesa eram calendários de turismo sul-africanos com fotografias de paisagens e as palavras “Land of Golden Sunshine“ (terra da luz do sol dourada).Juntamente com seus cadernos, os calendários de mesa são os registros mais diretos de seus pensamentos particulares e suas experiências diárias. Ele não fazia anotações todos os dias. Na verdade, havia algumas semanas em que não fazia anotação alguma. As necessidades básicas do mundo exterior eram consideradas, na verdade, luxos preciosos na prisão. Ter leite para o chá, por exemplo, era considerado um acontecimento. Assim também era com as visitas e as cartas. E a simples palavra ”inspeção" trazia uma grande ameaça. Esta inscrição aparece na primeira página do pequeno diário preto de 1990: “Querido Nelson, com nosso amor e votos de felicidade. Radhi e 'JN' para lembrar o primeiro encontro de janeiro de 1990 depois de muitos, muitos anos!!!”. Além de um registro em 1º de janeiro sobre a visita de Singh na penitenciária Victor Verster, ele registrou uma outra entrada. Em 13 de janeiro, fez sua última entrada no diário: encheu uma página com uma viva descrição sobre um grupo de patos que entrara na casa em que viveu por pouco mais de um ano.pesada censura sobre a correspondência na prisão significava que, se um prisioneiro quisesse comunicar algo de natureza sensível a qualquer pessoa de fora da prisão, ele precisaria contrabandear a correspondência para fora. Em mais de uma ocasião, Mandela e seu companheiro, Ahmed Kathrada, contrabandearam cartas, especialmente para seus advogados, para reclamar sobre as condições na prisão. Por exemplo, em janeiro de 1977, Mandela escreveu, em letra minúscula, uma longa carta para os advogados em Durban instruindo-os a tomar medidas contra as autoridades prisionais por uma lista de casos de abuso de autoridade. A carta foi dirigida a uma firma de advocacia chamada Seedat Pillay and Co. Em outubro de 2010, um dos advogados dessa firma, que se tornou juiz da Alta Corte da África do Sul, o juiz Thumba Pillay, doou ao Centro da Memória Nelson Mandela essa carta, bem como uma série de documentos relacionados.
“A prisão é por si só uma tremenda educação na necessidade de paciência e perseverança. Trata-se, acima de tudo, de um teste de compromisso...”
Após a condenação de Nelson Mandela em 7 de novembro de 1962, o Tribunal de Magistrados de Pretória emitiu um mandado condenando-o à prisão por cinco anos.Ele havia sido condenado e sentenciado naquele dia a três anos por uma acusação de “incitação a transgressão de leis” (greve) e dois anos por deixar a África do Sul sem passaporte. Foi estipulado que as duas sentenças seriam executadas consecutivamente. Um segundo mandado de detenção foi emitido pela divisão provincial de Transvaal do Supremo Tribunal da África do Sul em 12 de junho de 1964. No mesmo dia o juiz proferiu uma sentença de prisão perpétua para Mandela e seus colegas, que foram condenados por quatro acusações de sabotagem no Julgamento de Rivonia. As duas primeiras acusações foram por violação da Seção 21(1) da General Laws Amendment Act (Lei de sabotagem) n º 76, de 1962. A terceira foi por violação da Seção 11(a), junto com as Seções 1 e 12 da Lei n º 44 de 1950; e a quarta foi por violação da Seção 3(1) (6), junto com a Seção 2 da Lei n º 8 de 1953 (conforme alterado).Os dois mandados emoldurados foram apresentados ao Sr. Mandela em 11 de fevereiro de 1995 – no quinto aniversário de sua libertação da prisão – pelo então Ministro dos Serviços Correcionais, Sipho Mzimela, em nome do departamento. Nelson Mandela não hesita em dizer que conseguiu o que conseguiu como parte de uma “cooperativa”, e que seus companheiros do Congresso Nacional Africano e, em especial, aqueles que estavam na prisão, faziam parte dessa cooperativa. Sempre que possível, Mandela exalta seus companheiros, bem como os de outros quadrantes políticos que sofreram com ele na prisão. Neste extrato, na continuação de sua autobiografia, ele lembra de seus companheiros de prisão. Lembra de que não disse a eles que estava iniciando um diálogo com o regime do apartheid até já estar em negociação. Mas foi por uma razão muito boa. Ele também explica que a negociação não era nada de novo. Enquanto Nelson Mandela e seus companheiros estavam presos na Ilha Robben, na África do Sul, os esforços na campanha para sua libertação só aumentaram. Uma vez que os prisioneiros foram privados de jornais na maior parte do tempo na prisão, os ativistas não esperavam que eles soubessem sobre seus esforços para divulgar a situação. Neste trecho do manuscrito autobiográfico inédito escrito na penitenciária, fica claro que Mandela não só sabia desses esforços, mas tirava sua força deles, apesar da censura rigorosa de cartas e visitas. Escrever sobre a questão deu a ele a oportunidade de expressar seu otimismo em relação a sua futura liberdade e sucesso da luta contra o apartheid.
“... nenhuma parede da prisão, nenhum cão de guarda nem mesmo os mares frios, que são como um fosso mortal em volta da prisão da Ilha Robben, nada conseguiria frustrar os desejos de toda a humanidade...”
Em uma carta à filha Zenani pelo seu 12º aniversário, em 1971, Nelson Mandela lembrou de seu nascimento depois que a esposa havia sido presa por 15 dias. Como na maioria das cartas a seus filhos, Mandela tenta ser um pai a longa distância.Winnie Mandela estava grávida de sua filha mais velha quando foi presa por participar de um protesto contra as leis de passe. “Você entende que quase nasceu na prisão?”, escreve ele. A carta lhe revela como ela tinha apenas 25 meses de idade quando ele passou à clandestinidade e ambos não puderam mais viver juntos novamente.Ele descreve uma visita secreta de Zenani na época da clandestinidade: “Eu a peguei em meus braços e por cerca de 10 minutos nos abraçamos, nos beijamos e conversamos. De repente você parecia ter se lembrado de algo. Você me deixou de lado e começou a vasculhar o quarto. Em um canto, encontrou o resto de minhas roupas. Depois de juntá-las, você as deu a mim e pediu-me para ir para casa. Você segurou minha mão por algum tempo, puxando desesperadamente e me implorando para voltar.”Talvez, o momento mais angustiante para Nelson Mandela na prisão tenha sido quando sua esposa Winnie foi detida e presa por mais de 17 meses. De maio de 1969 a setembro de 1970, ela foi tirada de suas vidas e não havia nada que ele pudesse fazer para ajudá-la ou ajudar seus filhos deixados para trás. À época, suas filhas Zeni e Zindzi tinham nove e 10 anos, respectivamente, e ele escreveu para elas da Ilha Robben a fim de confortá-las. Ele sabia que possivelmente a carta jamais as alcançaria. Felizmente, Mandela guardou uma cópia em um dos cadernos que usava para escrever as cartas que enviava. Esses cadernos foram confiscados por guardas da prisão quando ele ainda estava na Ilha Robben, mas foram devolvidos mais de 15 anos depois de sua libertação por um ex-policial, Donald Card, que os manteve em sua casa durante anos. Na década de 1970, enquanto cumpriam pena de prisão perpétua em Robben Island, dois colegas de Nelson Mandela tiveram a ideia de que ele deveria secretamente escrever sua autobiografia para ser publicada em seu aniversário de 60 anos, em 1978.Ele começou a redigir e enviou rascunhos para Walter Sisulu e Ahmed Kathrada comentarem. Após cada rascunho ter sido corrigido e aprovado, Mac Maharaj e Laloo Chiba transcreviam-no com uma caligrafia minúscula. Ao final, 600 páginas tornaram-se aproximadamente 60, que foram transportadas dentro de um arquivo de estudo de Mac Maharaj, quando ele foi solto, em 1976.Na ocasião, o manuscrito não foi publicado em 1978, como esperado, mas Mandela o utilizou como a base para sua autobiografia de 1994, “Longa Caminhada Até a Liberdade”.Apenas algumas páginas do manuscrito original sobreviveram, estando alojadas no Arquivo Nacional sul-africano, em Pretória. O Nelson Mandela Centre of Memory tem as versões digitadas por Sue Rabkin.
“Criamos uma linha de montagem para processar o manuscrito...”
Um ano após sua libertação, em 1990, Mandela começou a trabalhar com o jornalista americano Richard Stengel no que é agora o livro Longo Caminho para a Liberdade (1994). O trabalho se baseou no manuscrito da prisão e em uma série de entrevistas. No livro, Mandela declara:
“Criamos uma linha de montagem para processar o manuscrito. Todos os dias eu passava o que havia escrito a Kathy, que revisava e lia para Walter. Kathy, então, escrevia seus comentários nas margens. Walter e Kathy nunca hesitaram em criticar-me, e eu ouvia suas sugestões, muitas vezes incorporando suas alterações. Esse manuscrito marcado foi então dado a Laloo Chiba, que passou a noite seguinte transferindo o que eu havia escrito para sua taquigrafia quase microscópica, reduzindo 10 páginas a um pedaço pequeno de papel. Seria trabalho do Mac contrabandear o manuscrito para o mundo lá fora.” Depois de Mandela fazer as correções, as páginas eram dadas a companheiros de prisão, Isu “Laloo” Chiba e Mac Maharaj, para serem transcritas em letra minúscula. O manuscrito foi então dividido em recipientes de cacau e enterrado no jardim da seção B, na Ilha Robben, utilizando ferramentas de escavação feitas por Jeff Masemola. Sua posterior descoberta por agentes penitenciários durante a construção de um muro, fez com que Mandela, Sisulu e Kathrada, cuja letra estava no original, perdessem seus privilégios de estudo durante quatro anos. Quando Nelson Mandela completou 70 anos, e ainda estava preso, a campanha para sua libertação tinha atingido praticamente todos os cantos do mundo.Foram usadas todas as mídias para forçar, coagir e incentivar toda e qualquer pessoa para ajudar a libertá-lo. De estudantes e frequentadores de concertos a políticos e banqueiros, a maioria das pessoas foi tocada pelo “Movimento Libertem Mandela”. Um dos esforços foi uma série de 10 cartazes do artista Mickey Patel, doados para o escritório do Congresso Nacional Africano exilado na Índia. Mais 100 desses cartazes foram feitos por serigrafia.Vinte e três anos mais tarde, os cartazes foram para o Centro de Memória Nelson Mandela. Eles foram doados por um ativista anti-apartheid, Mosie Moolla, que escapou da custódia da polícia, em 1963, e fugiu para a Índia, onde se tornou representante-chefe do CNA no país. Muitas pessoas não sabem que Nelson Mandela foi condenado à prisão na Ilha Robben duas vezes. A primeira vez foi por um breve período, em 1963, cerca de seis meses depois de ter sido condenado a cinco anos de prisão por deixar o país ilegalmente e incitar uma greve. Inicialmente detido na prisão local de Pretória, Mandela foi enviado à Ilha Robben em maio 1963 e, depois, em 13 de junho de 1963, foi inexplicavelmente devolvido a Pretória. Depois de estar lá há cerca de um mês, seus colegas foram presos e julgados em conjunto por sabotagem no Julgamento de Rivonia. Mandela e outros sete foram condenados à prisão perpétua em 12 de junho de 1964. Ele permaneceu na Ilha Robben até o final de março de 1982, sendo depois transferido para a prisão de Pollsmoor, no continente. Então, depois de alguns meses em hospitais, Mandela foi enviado para a prisão Victor Verster em dezembro de 1988, de onde foi libertado em 11 de fevereiro de 1990.Essa história sobre a primeira prisão de Nelson Mandela em Robben Island demonstra fortemente sua determinação de ferro e seu inegável senso de dignidade que o ajudaram a sobreviver a 27 anos na prisão. Ele mostra, por um lado, que, desde o primeiro dia, os carcereiros estavam determinados a tratar os prisioneiros como gado, enquanto tentavam agressivamente controlá-los. Não deveria ser assim. Mandela imediatamente se encarregou de mostrar como é possível mudar a situação até mesmo nas piores circunstâncias. Foi essa dignidade e força demonstradas por Mandela, e depois seus colegas, que marcou sua prisão e atitudes subsequentes. Uma das maiores conquistas de Nelson Mandela foi o fato de ser um advogado qualificado. Em 1953, ele estabeleceu a primeira parceria jurídica negra da África do Sul, em Johannesburgo, com seu amigo e companheiro Oliver Tambo. Durante seu longo encarceramento, Mandela usou seu conhecimento jurídico para fazer justiça, colocando a lei em prática. Sua resposta à brutalidade e à intimidação, bem como ao assédio e aos abusos foi recorrer à lei, seja em seu nome ou para ajudar outros presos: Mandela ameaçava tomar medidas legais ou instaurar uma ação judicial. Como a história mostra, isso se tornou uma proteção essencial. Teria sido fácil para Nelson Mandela permitir que o mundo acreditasse que ele foi agredido fisicamente na prisão. Pelo contrário, Mandela afirmou publicamente que nada aconteceu a ele. Teria acontecido a outros, mas não a ele. Também teria sido fácil colocar todos os guardas prisionais no mesmo saco, dizer que eram totalmente brutais. Aqui, ele pinta um quadro diferente, conta que nem todos eram “malandros” e faz questão de mostrar os seres humanos e o lado mais humano de alguns de seus carcereiros.
 BY NELSON MANDELA  CENTRE OF MEMORY.

                      “EU SOU O CAPITÃO DA MINHA ALMA”
                                                                                        NELSON MANDELA

POSTADO POR MESTRE BICHEIRO