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sábado, 7 de dezembro de 2013

NELSON MANDELA "MANUSCRITO"

                             



 





NELSON MANDELA
ESTÓRIAS E SEUS MANUSCRITO
Durante a década de 1950 e início de 1960, Nelson Mandela era frequentemente enviado a celas de delegacias de polícia, celas judiciais e celas de penitenciárias por curtos períodos de tempo, pois seu trabalho político fez dele um alvo para o regime do apartheid. Após ser banido do Congresso Nacional Africano em 1960, ele passou à clandestinidade em 1961 e tornou-se líder do Umkhonto we Sizwe (MK), o braço armado do Congresso. Em 1962, ele foi capturado e condenado a cinco anos de prisão por deixar o país ilegalmente e incitar uma greve. Em 1963, ele foi julgado com outros líderes do MK no Julgamento de Rivonia, sendo por fim condenado à prisão perpétua por sabotagem. Mandela foi finalmente libertado da prisão em 1990, após mais de 27 anos de prisão ininterrupta. Dezoito desses anos foram passados na Ilha Robben.
“... Tirávamos nossa força e nosso sustento de saber que éramos parte de uma humanidade maior do que os nossos carcereiros poderiam reivindicar.”
Não há entrada para o levante de 16 de junho de 1976 em Soweto. Nelson Mandela e seus companheiros só souberam disso muito mais tarde, quando novos prisioneiros políticos chegaram à Ilha Robben. Nos primeiros anos na ilha, Mandela e seus colegas prisioneiros não podiam ler jornais e ouvir rádio. Nelson Mandela registra a visita da mídia à Ilha Robben em 1977. O regime do apartheid organizou a visita de jornalistas para dissipar rumores sobre as condições adversas na Ilha. Em seus primeiros anos de prisão, Nelson Mandela e seus companheiros foram proibidos de ter relógios. Inicialmente, ele fez um calendário na parede de sua cela. Mais tarde, ele recebeu autorização para pedir um calendário de mesa por ano para a Secretaria de Turismo sul-africana. Ele manteve uma série de calendários de mesa na penitenciária da Ilha Robben, onde esteve preso de 13 de junho de 1964 a 31 de março de 1982, na penitenciária Pollsmoor, onde ficou até 12 de agosto de 1988 e na penitenciária Victor Verster, de sua transferência até sua libertação em 11 de fevereiro de 1990.Ele continuou registrando informações nesses calendários enquanto esteve no hospital, em 1988 – primeiro no Tygerberg Hospital e depois em Constantiaberg MediClinic – em tratamento contra a tuberculose. Esses calendários de mesa eram calendários de turismo sul-africanos com fotografias de paisagens e as palavras “Land of Golden Sunshine“ (terra da luz do sol dourada).Juntamente com seus cadernos, os calendários de mesa são os registros mais diretos de seus pensamentos particulares e suas experiências diárias. Ele não fazia anotações todos os dias. Na verdade, havia algumas semanas em que não fazia anotação alguma. As necessidades básicas do mundo exterior eram consideradas, na verdade, luxos preciosos na prisão. Ter leite para o chá, por exemplo, era considerado um acontecimento. Assim também era com as visitas e as cartas. E a simples palavra ”inspeção" trazia uma grande ameaça. Esta inscrição aparece na primeira página do pequeno diário preto de 1990: “Querido Nelson, com nosso amor e votos de felicidade. Radhi e 'JN' para lembrar o primeiro encontro de janeiro de 1990 depois de muitos, muitos anos!!!”. Além de um registro em 1º de janeiro sobre a visita de Singh na penitenciária Victor Verster, ele registrou uma outra entrada. Em 13 de janeiro, fez sua última entrada no diário: encheu uma página com uma viva descrição sobre um grupo de patos que entrara na casa em que viveu por pouco mais de um ano.pesada censura sobre a correspondência na prisão significava que, se um prisioneiro quisesse comunicar algo de natureza sensível a qualquer pessoa de fora da prisão, ele precisaria contrabandear a correspondência para fora. Em mais de uma ocasião, Mandela e seu companheiro, Ahmed Kathrada, contrabandearam cartas, especialmente para seus advogados, para reclamar sobre as condições na prisão. Por exemplo, em janeiro de 1977, Mandela escreveu, em letra minúscula, uma longa carta para os advogados em Durban instruindo-os a tomar medidas contra as autoridades prisionais por uma lista de casos de abuso de autoridade. A carta foi dirigida a uma firma de advocacia chamada Seedat Pillay and Co. Em outubro de 2010, um dos advogados dessa firma, que se tornou juiz da Alta Corte da África do Sul, o juiz Thumba Pillay, doou ao Centro da Memória Nelson Mandela essa carta, bem como uma série de documentos relacionados.
“A prisão é por si só uma tremenda educação na necessidade de paciência e perseverança. Trata-se, acima de tudo, de um teste de compromisso...”
Após a condenação de Nelson Mandela em 7 de novembro de 1962, o Tribunal de Magistrados de Pretória emitiu um mandado condenando-o à prisão por cinco anos.Ele havia sido condenado e sentenciado naquele dia a três anos por uma acusação de “incitação a transgressão de leis” (greve) e dois anos por deixar a África do Sul sem passaporte. Foi estipulado que as duas sentenças seriam executadas consecutivamente. Um segundo mandado de detenção foi emitido pela divisão provincial de Transvaal do Supremo Tribunal da África do Sul em 12 de junho de 1964. No mesmo dia o juiz proferiu uma sentença de prisão perpétua para Mandela e seus colegas, que foram condenados por quatro acusações de sabotagem no Julgamento de Rivonia. As duas primeiras acusações foram por violação da Seção 21(1) da General Laws Amendment Act (Lei de sabotagem) n º 76, de 1962. A terceira foi por violação da Seção 11(a), junto com as Seções 1 e 12 da Lei n º 44 de 1950; e a quarta foi por violação da Seção 3(1) (6), junto com a Seção 2 da Lei n º 8 de 1953 (conforme alterado).Os dois mandados emoldurados foram apresentados ao Sr. Mandela em 11 de fevereiro de 1995 – no quinto aniversário de sua libertação da prisão – pelo então Ministro dos Serviços Correcionais, Sipho Mzimela, em nome do departamento. Nelson Mandela não hesita em dizer que conseguiu o que conseguiu como parte de uma “cooperativa”, e que seus companheiros do Congresso Nacional Africano e, em especial, aqueles que estavam na prisão, faziam parte dessa cooperativa. Sempre que possível, Mandela exalta seus companheiros, bem como os de outros quadrantes políticos que sofreram com ele na prisão. Neste extrato, na continuação de sua autobiografia, ele lembra de seus companheiros de prisão. Lembra de que não disse a eles que estava iniciando um diálogo com o regime do apartheid até já estar em negociação. Mas foi por uma razão muito boa. Ele também explica que a negociação não era nada de novo. Enquanto Nelson Mandela e seus companheiros estavam presos na Ilha Robben, na África do Sul, os esforços na campanha para sua libertação só aumentaram. Uma vez que os prisioneiros foram privados de jornais na maior parte do tempo na prisão, os ativistas não esperavam que eles soubessem sobre seus esforços para divulgar a situação. Neste trecho do manuscrito autobiográfico inédito escrito na penitenciária, fica claro que Mandela não só sabia desses esforços, mas tirava sua força deles, apesar da censura rigorosa de cartas e visitas. Escrever sobre a questão deu a ele a oportunidade de expressar seu otimismo em relação a sua futura liberdade e sucesso da luta contra o apartheid.
“... nenhuma parede da prisão, nenhum cão de guarda nem mesmo os mares frios, que são como um fosso mortal em volta da prisão da Ilha Robben, nada conseguiria frustrar os desejos de toda a humanidade...”
Em uma carta à filha Zenani pelo seu 12º aniversário, em 1971, Nelson Mandela lembrou de seu nascimento depois que a esposa havia sido presa por 15 dias. Como na maioria das cartas a seus filhos, Mandela tenta ser um pai a longa distância.Winnie Mandela estava grávida de sua filha mais velha quando foi presa por participar de um protesto contra as leis de passe. “Você entende que quase nasceu na prisão?”, escreve ele. A carta lhe revela como ela tinha apenas 25 meses de idade quando ele passou à clandestinidade e ambos não puderam mais viver juntos novamente.Ele descreve uma visita secreta de Zenani na época da clandestinidade: “Eu a peguei em meus braços e por cerca de 10 minutos nos abraçamos, nos beijamos e conversamos. De repente você parecia ter se lembrado de algo. Você me deixou de lado e começou a vasculhar o quarto. Em um canto, encontrou o resto de minhas roupas. Depois de juntá-las, você as deu a mim e pediu-me para ir para casa. Você segurou minha mão por algum tempo, puxando desesperadamente e me implorando para voltar.”Talvez, o momento mais angustiante para Nelson Mandela na prisão tenha sido quando sua esposa Winnie foi detida e presa por mais de 17 meses. De maio de 1969 a setembro de 1970, ela foi tirada de suas vidas e não havia nada que ele pudesse fazer para ajudá-la ou ajudar seus filhos deixados para trás. À época, suas filhas Zeni e Zindzi tinham nove e 10 anos, respectivamente, e ele escreveu para elas da Ilha Robben a fim de confortá-las. Ele sabia que possivelmente a carta jamais as alcançaria. Felizmente, Mandela guardou uma cópia em um dos cadernos que usava para escrever as cartas que enviava. Esses cadernos foram confiscados por guardas da prisão quando ele ainda estava na Ilha Robben, mas foram devolvidos mais de 15 anos depois de sua libertação por um ex-policial, Donald Card, que os manteve em sua casa durante anos. Na década de 1970, enquanto cumpriam pena de prisão perpétua em Robben Island, dois colegas de Nelson Mandela tiveram a ideia de que ele deveria secretamente escrever sua autobiografia para ser publicada em seu aniversário de 60 anos, em 1978.Ele começou a redigir e enviou rascunhos para Walter Sisulu e Ahmed Kathrada comentarem. Após cada rascunho ter sido corrigido e aprovado, Mac Maharaj e Laloo Chiba transcreviam-no com uma caligrafia minúscula. Ao final, 600 páginas tornaram-se aproximadamente 60, que foram transportadas dentro de um arquivo de estudo de Mac Maharaj, quando ele foi solto, em 1976.Na ocasião, o manuscrito não foi publicado em 1978, como esperado, mas Mandela o utilizou como a base para sua autobiografia de 1994, “Longa Caminhada Até a Liberdade”.Apenas algumas páginas do manuscrito original sobreviveram, estando alojadas no Arquivo Nacional sul-africano, em Pretória. O Nelson Mandela Centre of Memory tem as versões digitadas por Sue Rabkin.
“Criamos uma linha de montagem para processar o manuscrito...”
Um ano após sua libertação, em 1990, Mandela começou a trabalhar com o jornalista americano Richard Stengel no que é agora o livro Longo Caminho para a Liberdade (1994). O trabalho se baseou no manuscrito da prisão e em uma série de entrevistas. No livro, Mandela declara:
“Criamos uma linha de montagem para processar o manuscrito. Todos os dias eu passava o que havia escrito a Kathy, que revisava e lia para Walter. Kathy, então, escrevia seus comentários nas margens. Walter e Kathy nunca hesitaram em criticar-me, e eu ouvia suas sugestões, muitas vezes incorporando suas alterações. Esse manuscrito marcado foi então dado a Laloo Chiba, que passou a noite seguinte transferindo o que eu havia escrito para sua taquigrafia quase microscópica, reduzindo 10 páginas a um pedaço pequeno de papel. Seria trabalho do Mac contrabandear o manuscrito para o mundo lá fora.” Depois de Mandela fazer as correções, as páginas eram dadas a companheiros de prisão, Isu “Laloo” Chiba e Mac Maharaj, para serem transcritas em letra minúscula. O manuscrito foi então dividido em recipientes de cacau e enterrado no jardim da seção B, na Ilha Robben, utilizando ferramentas de escavação feitas por Jeff Masemola. Sua posterior descoberta por agentes penitenciários durante a construção de um muro, fez com que Mandela, Sisulu e Kathrada, cuja letra estava no original, perdessem seus privilégios de estudo durante quatro anos. Quando Nelson Mandela completou 70 anos, e ainda estava preso, a campanha para sua libertação tinha atingido praticamente todos os cantos do mundo.Foram usadas todas as mídias para forçar, coagir e incentivar toda e qualquer pessoa para ajudar a libertá-lo. De estudantes e frequentadores de concertos a políticos e banqueiros, a maioria das pessoas foi tocada pelo “Movimento Libertem Mandela”. Um dos esforços foi uma série de 10 cartazes do artista Mickey Patel, doados para o escritório do Congresso Nacional Africano exilado na Índia. Mais 100 desses cartazes foram feitos por serigrafia.Vinte e três anos mais tarde, os cartazes foram para o Centro de Memória Nelson Mandela. Eles foram doados por um ativista anti-apartheid, Mosie Moolla, que escapou da custódia da polícia, em 1963, e fugiu para a Índia, onde se tornou representante-chefe do CNA no país. Muitas pessoas não sabem que Nelson Mandela foi condenado à prisão na Ilha Robben duas vezes. A primeira vez foi por um breve período, em 1963, cerca de seis meses depois de ter sido condenado a cinco anos de prisão por deixar o país ilegalmente e incitar uma greve. Inicialmente detido na prisão local de Pretória, Mandela foi enviado à Ilha Robben em maio 1963 e, depois, em 13 de junho de 1963, foi inexplicavelmente devolvido a Pretória. Depois de estar lá há cerca de um mês, seus colegas foram presos e julgados em conjunto por sabotagem no Julgamento de Rivonia. Mandela e outros sete foram condenados à prisão perpétua em 12 de junho de 1964. Ele permaneceu na Ilha Robben até o final de março de 1982, sendo depois transferido para a prisão de Pollsmoor, no continente. Então, depois de alguns meses em hospitais, Mandela foi enviado para a prisão Victor Verster em dezembro de 1988, de onde foi libertado em 11 de fevereiro de 1990.Essa história sobre a primeira prisão de Nelson Mandela em Robben Island demonstra fortemente sua determinação de ferro e seu inegável senso de dignidade que o ajudaram a sobreviver a 27 anos na prisão. Ele mostra, por um lado, que, desde o primeiro dia, os carcereiros estavam determinados a tratar os prisioneiros como gado, enquanto tentavam agressivamente controlá-los. Não deveria ser assim. Mandela imediatamente se encarregou de mostrar como é possível mudar a situação até mesmo nas piores circunstâncias. Foi essa dignidade e força demonstradas por Mandela, e depois seus colegas, que marcou sua prisão e atitudes subsequentes. Uma das maiores conquistas de Nelson Mandela foi o fato de ser um advogado qualificado. Em 1953, ele estabeleceu a primeira parceria jurídica negra da África do Sul, em Johannesburgo, com seu amigo e companheiro Oliver Tambo. Durante seu longo encarceramento, Mandela usou seu conhecimento jurídico para fazer justiça, colocando a lei em prática. Sua resposta à brutalidade e à intimidação, bem como ao assédio e aos abusos foi recorrer à lei, seja em seu nome ou para ajudar outros presos: Mandela ameaçava tomar medidas legais ou instaurar uma ação judicial. Como a história mostra, isso se tornou uma proteção essencial. Teria sido fácil para Nelson Mandela permitir que o mundo acreditasse que ele foi agredido fisicamente na prisão. Pelo contrário, Mandela afirmou publicamente que nada aconteceu a ele. Teria acontecido a outros, mas não a ele. Também teria sido fácil colocar todos os guardas prisionais no mesmo saco, dizer que eram totalmente brutais. Aqui, ele pinta um quadro diferente, conta que nem todos eram “malandros” e faz questão de mostrar os seres humanos e o lado mais humano de alguns de seus carcereiros.
 BY NELSON MANDELA  CENTRE OF MEMORY.

                      “EU SOU O CAPITÃO DA MINHA ALMA”
                                                                                        NELSON MANDELA

POSTADO POR MESTRE BICHEIRO

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A GUARDA NEGRA


   A  GUARDA  NEGRA 


A "Guarda Negra", era  uma sociedade secreta criada sob a inspiração de José do Patrocínio, logo após a abolição, com o intuito de defender a Princesa Isabel "redentora dos escravos". A "Guarda Negra" identificava-se com a causa monárquica e, mais especificamente com o Gabinete Conservador (que estava no poder em 1888). O auge de sua atuação parece ter sido entre meados de 1888 e os primeiros meses de 1889. Atuava acobertada pelas autoridades policiais, como uma verdadeira força paramilitar, era composta essencialmente por negros, agora livres, dentre os quais muitos  capoeiras, conforme nos informa Osvaldo Orico, biógrafo de José do Patrocínio: "(..) agindo sob os complacentes olhos da polícia, a Guarda Negra (...) incluía em seu corpo os melhores capoeiras locais (do Rio de Janeiro)"(TROCHIM,1988:p. 291).
Era principalmente nos comícios republicanos que a presença da "Guarda Negra" se fazia sentir. O ataque mais espetacular da organização parece ter sido  o que ocorreu no dia 30 de dezembro de 1888, quando os propagandistas republicanos, Silva Jardim s Lopes Travão discursavam no Ginásio da Sociedade Francesa de Ginastas, na cidade do Rio de Janeiro. Os organizadores do ato, frente as ameaças recebidas por parte da "Guarda Negra", recorreram ao chefe da polícia, que alegou não ter condições de garantir a segurança da manifestação. Do Lado de fora do ginásio, perto de 500 negros estavam reunidos. De repente, ouviram-se tiros dentro do ginásio e a multidão forçou a entrada. A confusão reinou durante meia hora sem a interferência da polícia, a qual, afinal decidiu acalmar os ânimos. Várias pessoas ficaram feridas, muitas vitimadas por capoeiras. Na saída do comício ocorreram novos distúrbios quando um republicano inflamado agitou no ar a bandeira francesa, sendo imediatamente atacado por membros da "Guarda Negra".
POSTADO MESTRE BICHEIRO

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

MANDUCA DA PRAIA CONTRA FLORIANO DE ABREU


MANDUCA DA PRAIA CONTRA FLORIANO DE ABREU

Plácido de Abreu, ou Pompeo Steel, como gostava de ser conhecido, era um misto de capoeira, militante republicano e literato. Várias vezes tentou entrar no seleto mundo da academia literária, sem sucesso. A sua outra obra, Nagôas e Guayamús, continuam desaparecidas. Apesar de republicano da primeira hora, desencantou-se quando o marechal Floriano Peixoto rasgou a Constituição de 1891. Aderiu à revolta da armada e foi assassinado em Fevereiro de 189456. Em Dezembro de 1861 o próprio Floriano, ainda cadete da Academia.Militar, enfrentara o lendário Manduca da Praia e a sua malta e, segundo conta a tradição, batera-se com os navalhistas, usando golpes de habilidoso capoeira. Esta história retrata quanto a capoeira seria parte integrante das memórias de juventude para a geração que dominou a República na viragem do século:Era uma noite quente e alguns colegas de Floriano saíram do Largo de São Francisco, onde era a Escola Militar, e dirigiram-se ao Largo da Carioca. Ali foram barrados pelos capoeiras sob a chefia de Manduca da Praia, chefe de malta de Santa Luzia. Tiveram de bater em retirada. Acabrunhados e tristes, reuniram-se no Largo. Aproximou-se deles o cadete Floriano, na sua farda da Escola Militar. Conversando com os colegas, soube do acontecido.
— Só isso senhores? Esperem um pouco que eu já venho.Regressou vestindo um casaco velho e comprido. Na cabeça, um grande chapéu de abas largas. E uma bengala, que serviria de porrete. Apontou na direção do Largo da Carioca:
—«”Podem vir rapazes!”..»O grupo seguiu até à Rua da Vala (atual Uruguaiana), onde estacaram: ali estava Manduca da Praia e os seus companheiros.
Floriano continuou em linha reta até chegar junto de Manduca. Frente a frente como lendário chefe de malta, disse:
— Com sua licença, meu senhor, nós vamos passar para o Largo da Carioca.
— Aqui ninguém passa — retrucou o capoeira, sorrindo, à espera do combate.
Imperturbável, Floriano aplicou uma rasteira em Manduca, enquanto gritava aos seus colegas:
— Podem passar, rapazes. Encorajados, os jovens saltaram sobre a malta e, enquanto o seu chefe permanecia fora de combate, deram um surra nos navalhistas. Pouco depois, amarrotados, e em alegre algazarra, chegavam ao Largo da Carioca. Entre os amigos do jovem Floriano que naquela noite deram cabo da malta de Santa Luzia estava Juca Paranhos, futuro barão do Rio Branco.
                         POSTADO POR MESTRE BICHEIRO

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

HARRIET TUBMAN


HARRIET TUBMAN

Negros dos EE.UU. para a liberdade!
"Serás livre ou morrerás".Armada de revólver e da sua atávica coragem, Harriet chegou a carregar mais de 300 pessoas para os estados americanos em que a escravidão já estava abolida. Era uma dessas desgraçadas noites de senzala no ano de 1819. Uma negra escrava, entre dores, dava à luz a uma menina. Seus dedos magros a acolheram e apertaram. Mais uma para sofrer. Mas, naquela madrugada, no pequeno condado de Dorchester, no estado de Maryland, Estados Unidos, a menina que arejava os pulmões com gritos fortes não carregaria o peso da dor. Ela seria uma libertária, uma dessas loucas, nojentas, que nada dobra e, anos depois, se tornaria uma das mais importantes “condutoras” de negros para a liberdade.O nome dado pela mãe foi Aramita Ross. Mas muito pouco conviveu com quem lhe deu à luz. Ainda garotinha foi levada para a plantação e ficou sob os cuidados da avó. Com seis anos de idade já estava no trabalho de uma casa branca. Apanhava muito. Uma vez levou uma surra só porque comeu um cubo de açúcar. Ela ruminava a dor e sentia que a vida lhe pesava. Quando completou 11 anos, passou a usar uma bandana na cabeça, indicando que saíra da meninice. Foi aí que mudou de nome. Virou Harriet e já tinha nos olhos o ar da rebeldia. Não foi à toa que quando viu um capataz pedindo ajuda para segurar um negro fujão, se recusou a fazê-lo. Por isso levou um golpe na cabeça e sofreu a vida toda as consequências.Harriet cresceu ali, na plantação, a matutar. Nunca passou dos 1,50m. Era pequena, de olhos penetrantes e cheia de ideias de liberdade. Não ia morrer escrava. Quando tinha 25 anos casou-se com um negro livre, John Tubman, e vivia a pensar em planos de escape. Coisa que não achava eco junto ao marido. Ele não compartilhava das loucas ideias que ela sussurrava nas noites de inverno. Mas ela queria ir para o norte, fugir, ser livre também. Aguentou cinco anos e, numa destas noites, escapou no rumo da Filadélfia.Sua fuga foi digna de filme. Ajudada por uma família branca, foi colocada dentro de um saco, num vagão, até estar segura nas casas dos abolicionistas que revezam na rota de fuga. Chegou inteira e logo começou a trabalhar. Do dinheiro que ganhava, guardava uma parte que usava para libertar outros negros. Mas, para Harriet, dar dinheiro não bastava. Aquela alma atormentada precisava agir, e ela decidiu liderar as tropas de negros e brancos que marchavam para as fazendas e libertavam os negros. Fez muitas dessas incursões. Em uma delas, no comando, chegou a libertar 750 negros de uma só vez. Tudo isso já bastaria para tornar Harriet uma lenda, mas ela ainda iria mais longe. Como não era mais um jovenzinha, decidiu abandonar o comando das tropas e passou a atuar como “condutora”, no que ficou conhecida como a “estrada de ferro subterrânea”.Esta estrada de ferro não era uma estrada de verdade, mas o nome dado à rota de fuga de milhares de negros em todos os Estados Unidos. Uma rede muito bem urdida de estradas, rotas e casas, as quais os negros percorriam e se abrigavam durante a grande travessia para a liberdade. Essas rotas eram pronunciadas junto aos negros sempre com os jargões da estrada de ferro, para que nenhuma suspeita fosse levantada e, justamente por isso, foram chamadas assim.Nesse processo de fuga, a figura do “condutor” era, sem dúvida, a mais importante. E Harriet se fez um deles. Foi a mais famosa e a mais eficiente. Armada de revólver e da sua atávica coragem, ela chegou a carregar mais de 300 pessoas para os estados em que a escravidão já estava abolida. Nunca perdeu qualquer passageiro. Ficou conhecida também a frase que dizia aos seus conduzidos quando empreendiam a caminhada rumo ao norte: “Serás livre ou morrerás”. E foi com essa bravura que também carregou para a liberdade seus irmãos de sangue e seus pais, esta última uma viagem espetacular. Não foi à toa que ficou conhecida como “o Moisés” de seu povo.Harriet era mestra na arte da fuga e do disfarce. Graças a isso entrava e saia do sul escravista a qualquer hora. Em 1857 sua cabeça valia o prêmio de 40 mil dólares. Nunca foi pega. Durante a guerra civil estadunidense ela, já entrada nos anos, ainda serviu como enfermeira e espiã das forças federais. Seu nome é reverenciado até hoje por todos os negros e negras daquele país como uma mulher que não aceitou a sua condição e, generosa e solidária, deu sua vida para garantir a liberdade dos negros. Morreu velhinha, em 1913, considerada uma heroína nacional. Mesmo assim, foi só em 2003 que o estado instituiu o dia 10 de março (dia de sua morte) como o dia de Harriet Tubman, a Moisés do povo negro estadunidense, a condutora, aquela que nunca abriu mão da liberdade.
 “Há duas coisas que tenho direito: a liberdade ou a morte. Se não tiver uma, tenho a outra. Nenhum homem neste mundo vai me tomar a vida”.
E assim foi.
Hoje, contam os negros, quando apita um trem lá para os lados do sul, todo aquele que sofre alguma prisão, seja física ou espiritual, sente um arrepio. É Harriet, a condutora, chamando para a grande travessia. E sempre há quem se levante e encontre o caminho.

Elaine Tavares é jornalista.

 POSTADO POR MESTRE BICHEIRO

HISTORIA DE MESTRE BESOURO


HISTORIA DE MESTRE BESOURO 

Besouro Mangangá era filho de Maria José e João Matos Pereira, nascido em 1895 segundo o documento relativo à sua expulsão ou em 1900 para o documento relativo à sua morte, era natural do recôncavo baiano e viveu naquela região em um período que suas principais cidades: Santo Amaro, São Félix e Cachoeira tinham importante papel no cenário produtivo como polos de intermediação das mercadorias que iam e chegavam do sertão baiano.Manoel Henrique que, desde cedo, aprendeu os segredos da capoeira com o Mestre Alípio foi batizado como Besouro Mangangá por causa da crença de muitos que diziam que quando ele entrava em alguma embrulhada e o número de inimigos era grande demais, sendo impossível vencê-los, então ele se transformava em besouro e saía voando. Várias lendas surgiram em torno de Besouro para justificar de seus feitos, a principal atribui-lhe o “corpo fechado” e que balas e punhais não podiam feri-lo. Devido aos seus supostos poderes Besouro Mangangá tornou-se um personagem mitológico para os praticantes da capoeira, tendo sua identidade relacionada aos valentões, capadócios, bambas e malandros.


                                          ESTILO DE LUTA


A capoeira praticada no recôncavo baiano no final do século XIX e início do século XX apresentava  aspectos próprios, tinha em seus traços lúdicos a inserção de instrumentos de cordas - possivelmente houve a mescla entre a prática do samba e da capoeira - e nos treinamentos de luta envolvia técnicas em torno do uso de armas como a faca e a navalha; o chapéu era um importante elemento na defesa das investidas de mão armada[9]. Os praticantes de capoeira desse período desenvolveram uma técnica de ataque com faca e navalha que consistia no fato do lutador amarrar sua arma e um elástico e treinar o ato de lançar a arma, ferir o adversário e retornar a mão novamente.


                                    MORTE DE BESOURO



As circunstâncias de sua morte são contraditórias. Há versões que afirmam que Besouro morreu em um confronto com a polícia; outras, que foi traído, com um ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira conta que um fazendeiro, conhecido por Dr. Zeca, após seu filho Memeu ter apanhado de Besouro, armou uma cilada. O fazendeiro tinha um amigo que era administrador da Usina de Maracangalha, de nome Baltazar. Besouro não sabia ler, então mandaram uma carta para Baltazar, pelo próprio Besouro, pedindo ao administrador que desse fim dele por lá mesmo. Baltazar recebeu a carta, leu, e disse a Besouro que aguardasse a resposta até o dia seguinte. Besouro passou a noite por lá; no outro dia foi buscar a resposta. Quando chegou na porta foi cercado por uns 40 homens, que o iam matar. As balas nada lhe fizeram; um homem o feriu a traição com uma faca de tucum (ou ticum), um tipo de madeira, tida como a única arma capaz de matar um homem de corpo fechado.
O atestado de óbito relata da seguinte forma:
Manoel Henrique, mulato escuro, solteiro, 24 anos, natural de Urupy,residente na Usina Maracangalha, profissão vaqueiro, entrou no dia 8 de julho de 1924 às 10 e meia horas do dia, falecendo às sete horas da noite,de um ferimento perfuro-inciso do abdômen .


MUSICA

CADÊ BESOURO


Besouro Mangangá era homem de corpo fechado 
Bala não matava e navalha não lhe feria 
Sentado ao pé da cruz enquanto a polícia o seguia 
Desapareceu enquanto o tenente dizia 

Cadê o Besouro Cadê o Besouro 
Cadê o Besouro Chamado Cordão de Ouro 

Besouro era um homem que admirava a valentia 
Não aceitava a covardia maldade não admitia 
Com a traição quebrou-se a feitiçaria 
Mas a reza forte só Besouro quem sabia 

Atrás de Besouro, O tenente mandou a cavalaria 
No estado da Bahia E Besouro não sabia 
á de corpo aberto, Fez sua feitiçaria 
Cada golpe de Besouro
Era um homem que caía


A OUTRA MORTE DE BESOURO



RELATO MESTRE JOÃO PEQUENO


Esse relato aproxima-se ao do mestre João Pequeno, com a diferença de que o discípulo de Pastinha concentra mais sua versão em torno da mandinga quebrada quando Besouro manteve relação sexual no período que deveria obrigações aos orixás. João Pequeno assinala que seu pai era primo de Besouro. Todavia insiste na idéia de que o corpo fechado pode ser quebrado quando esse corpo se encontra sujo pela sexualidade. Pessoa de corpo sujo é as que têm relações sexuais, eles estão despreparados e com o corpo aberto a qualquer luta, e foi aí que aproveitaram do finado Besouro .O Mestre insiste na versão do corpo sujo proporcionado pela impureza da atividade sexual. Relata o acontecimento que antecede a morte de Besouro: Ele dormiu na casa de uma mulher no outro dia quando ele vinha para a casa passando debaixo de uma cerca de arame, o arame arranhou nas costas dele e ele chamando disse: “estou mal, se qualquer pessoa me atacar hoje estou perdido”. E foi nesse dia que furaram ele em uma briga, que durou o dia inteiro. Então, o capoeirista que usa essas rezas não pode ter relações sexuais senão perde o efeito .


 RELATOS DE MESTRE DIMAS




Mestre Dimas relata o fato a partir de histórias que ouviu e de pesquisa realizada por ele na região. Garante que Besouro estava bebendo em uma venda, não sabe exatamente onde. Tinha acabado de retornar de alguma festa ou da casa de alguma mulher. Isso mantém a versão do corpo aberto pela sexualidade. Nas palavras do Mestre, ele era justiceiro e os senhores de engenho não gostavam dele. Um misto trafega entre um campo político e outro que se expressa na religiosidade e nas obrigações com os santos protetores.Ninguém podia disputar na mão com ele – quem era doido de sair na mão com Besouro ou na faca. Não tinha jeito. E ele vinha de uma tradição de jogar com a navalha do pé. Ele tinha a sina dele – a mandinga – que não poderia ter relações sexuais em determinados dias. Tinha o dia certo.Foi então que apareceu no local um garoto que estava contratado para atacar Besouro. Essa mesma versão aparece no discurso do Mestre Macaco. Alguém deu a faca de Ticum. O garoto estava preparado para mata-lo. Brincou com o garoto que, inesperadamente, sacou da faca e furou Besouro. Cortado caiu, gofando, bebendo o próprio sangue. O ticum além de cortar, solta uma tinta que infecciona. O Garoto furou e logo fugiu. Ele que estava com o corpo aberto, tinha acabado de ter relações sexuais com a tal mulher.Mestre Dimas argumenta que Besouro foi levado para o hospital. Entretanto, embora fosse um negro muito forte, não resistiu à distância e à falta de socorro da Santa Casa de Misericórdia. Da Usina de Maracangalha até Santo Amaro é muito longe. Ele ainda resistiu. Entretanto sua fama era muito grande, os proprietários automaticamente foram ao hospital e dificultaram ou impediram o socorro. Se fosse prestado socorro de forma adequado – ele era muito forte – teria escapado. Foi perdendo muito sangue e veio a falecer.

RELATOS DE MESTRE ATENILO



Mestre Atenilo, em entrevista concedida ao Mestre Itapoã (Raimundo César Alves de Almeida ), ilustra a possibilidade de criação. Nesse relato já transmitido por outros capoeiristas, Besouro morreu em Cumbaca. Morreu com uma facada. Todas as versões são categóricas em afirmar que foi facada. Nesse aspecto, encontro unanimidade, o que se encaixa perfeitamente com o documento expedido pela Santa Casa de Misericórdia. Entretanto, o entrevistado – Atenilo – diz que Besouro, mesmo furado, não morria. Ele era um além-humano. Não poderia morrer de qualquer jeito. Uma morte simples não seria tolerada. Caberá ao mito – no mínimo – uma morte espetacular. Ele não morria, porque ele depois de furado, dizem, ele meteu a mão na faca e cortou os intestinos, ele cortando e comia. E ele vivo, até quando levaram ele pró hospitá, quando chegou no hospitá o médico disse: se ele não tivesse cortado os intestinos...Mestre Itapoã pergunta novamente, como se quisesse se certificar do que acabara de ouvir: Ele comeu os intestinos, que história é essa?- Mestre Atenilo responde: Ele cortava rapaz, era maluco, cortava um pedaço e botava na boca. Quando chegou no hospitá não tinha mais ar, o ar já tinha saído e ele morreu (...)Até ele não queria escapar.Sr. Danilo do Acupe, 67 anos, assegurou, em entrevista concedida em 16.06.2002, que Besouro tinha o corpo fechado. Mas o afilhado dele encontrou o ponto fraco. Pegou o Mestre no dia fraco; no dia em que ele estava desprotegido pela atividade sexual. Não tem mandingueiro que resista. Além disso, Cordão de Ouro foi furado com uma faca de ticum, que é a árvore dos mistérios.Dia de sexta-feira o homem não pode ter relação com mulher. Besouro caiu porque o afilhado o ajeitou, pegou o dia fraco dele e ajeitou ele com uma faca de que? De Ticun. Não tem mandingueiro que resita. Só basta bicar, só basta tocar. Aquele que tem um espinho, que dá aquela frutinha.Mesmo tendo passado a noite com uma mulher não haveria problema. Sr. Danilo é categórico em afirmar que só pela mulher Besouro não seria derrubado. Besouro é vítima da inocência. A potência transmudada em maldade. Besouro morre no da 8 de julho de 1924. De acordo com o calendário de 1924, o dia 8 de julho é uma terça-feira, que segundo VERGER (1997) é dia dedicado a ogum. Coincidência ou não a possibilidade de articulação entre sexualidade, mandinga, corpo fechado preenchem de possibilidades a linguagem poética.Outra versão dentre tantas apresentadas sobre a morte de Besouro corrobora esta descrita pelo mestre Burguês. REGO (1968:265) descreve um possível desentendimento entre Besouro e Dr. Zeca (Jeca) e, ao mesmo tempo, amplia com a inclusão do filho Memeu, que entrou em desentendimento com Besouro. Mandaram então uma carta para Baltazar, pelo próprio Bezouro, pedindo ao administrador que desse fim do Besouro por lá mesmo. Baltazar recebeu a carta, leu, e disse a Besouro que aguardasse a resposta até o dia seguinte. Besouro passou a noite na casa de uma mulher da vida; no outro dia foi buscar a resposta. Quando chegou na porta foi cercado por uns 40 homens, que o iam matar. As balas nada fizeram; um homem o feriu à traição, com uma faca. Foi como o cosseguiram matar.A linguagem poética de VIEIRA (2001:13) sobre a morte de Besouro refere-se ao castigo aplicado ao filho do dono da usina. Besouro teria feito o jovem Memeu – filho do patrão - montar em um burro brabo, como forma de punição e justiçamento aplicados por Besouro. Isso foi motivo suficiente para o patrão mandar executar Besouro Cordão de Ouro. 

E o rapaz que não tinha
traquejo com montaria
Mal montou e foi pro chão
era assim que acontecia
No burro, mal se montava
Ela todo se encolhia
Burro de primeiro salto
Derrubava e não saía. 
O rapaz adoeceu
Seu pai ficou irritado
Não atirou em Besouro
pois tinha o corpo fechado
então tramou sua morte
Com jagunço contratado
não demorou, o serviço
Foi logo executado 

Foi o menino – afilhado – que estava com maldade com ele. O que contam é que Besouro foi traído pelo afilhado. Isso ocorreu na toga do saveiro. O menino ficou esperando. Quando ele voou já era tarde. O punhal já tinha cravado nele. Caiu no próprio barco. Quando o cara botou nele, já estava preparado. Ali tem um veneno. O ticum solta um veneno. Quando botou nele acabou o homem.A irmã de Besouro–Dona Dormelina Pereira dos Anjos, Dona Adó, em entrevista gravada em Santo Amaro no dia 18.06.2002, garantiu que Besouro estava dormindo. Não entrou em detalhes sobre os motivos de sua morte. Provavelmente por causa de uma mulher. Ele estava dormindo. Mataram ele dormindo. Ninguém sabe quem matou. Morreu em Maracangalha. Contestou a possibilidade de Besouro estar em alguma festa ou bodega. Foi uma morte construída pela força da traição. Para AMADO (1973, p. 127): cortaram seu corpo todo. Foi preciso catar os pedaços para o enterro. Mas, como poderia ser cortado à faca o ilustre filho de Ogun?Besouro é Manoel Henrique Pereira - vaqueiro, mulato escuro, natural de Urupy, residente na usina de Maracangalha; dava entrada na Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro da Purificação – Bahia, como um ferimento perfuro-inciso do abdômen. Veio a falecer no dia 8 de julho de 1924 às 7 horas da noite, conforme registro na folha 42v. do livro n° 3, linha 16, leito 418, de entrada e saída de doentes. O referido documento consta nos autos do processo.
                      POSTADO POR MESTRE BICHEIRO
                                                               
                                 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

BREVE RESUMO DE UMA LONGA HISTÓRIA CRISTIANISMO

BREVE RESUMO
DE UMA LONGA HISTÓRIA
CRISTIANISMO


Cristianismo (do grego Xριστός, "Christós", messias) é uma religião abraâmica monoteísta  centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, tais como são apresentados no Novo Testamento. A fé cristã acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho de Deus, Salvador e Senhor. A religião cristã tem três vertentes principais: o Catolicismo, a Ortodoxia Oriental (separada do catolicismo em 1054 após o Grande Cisma do Oriente) e o protestantismo (que surgiu durante a Reforma Protestante do século XVI). O protestantismo é dividido em grupos menores chamados de denominações. Os cristãos acreditam que Jesus Cristo é o Filho de Deus que se tornou homem e o Salvador da humanidade, morrendo pelos pecados do mundo. Geralmente, os cristãos se referem a Jesus como o Cristo ou o Messias. Os seguidores do cristianismo, conhecidos como cristãos, acreditam que Jesus seja o Messias profetizado na Bíblia Hebraica (a parte das escrituras comum tanto ao cristianismo quanto ao judaísmo). A teologia cristã ortodoxa alega que Jesus teria sofrido, morrido e ressuscitado para abrir o caminho para o céu aos humanos; Os cristãos acreditam que Jesus teria ascendido aos céus, e a maior parte das denominações ensina que Jesus irá retornar para julgar todos os seres humanos, vivos e mortos, e conceder a imortalidade aos seus seguidores. Jesus também é considerado para os cristãos como modelo de uma vida virtuosa, e tanto como o revelador quanto a encarnação de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de Evangelho ("Boas Novas"), e por isto referem-se aos primeiros relatos de seu ministério como evangelhos.O cristianismo se iniciou como uma seita judaica e, como tal, da mesma maneira que o próprio judaísmo ou o islamismo, é classificada como uma religião abraâmica (ver também judaico-cristão). Após se originar no Mediterrâneo Oriental, rapidamente se expandiu em abrangência e influência, ao longo de poucas décadas; no século IV já havia se tornado a religião dominante no Império Romano. Durante a Idade Média a maior parte da Europa foi cristianizada, e os cristãos também seguiram sendo uma significante minoria religiosa no Oriente Médio, Norte da África e em partes da Índia. Depois da Era das Descobertas, através de trabalho missionário e da colonização, o cristianismo se espalhou para as Américas e pelo resto do mundo. O cristianismo desempenhou um papel de destaque na formação da civilização ocidental pelo menos desde o século IV (ver: Impacto do cristianismo na civilização). No início do século XXI o cristianismo conta com entre 2,3 bilhões de fiéis, representando cerca de um quarto a um terço da população mundial, e é uma das maiores religiões do mundo. O cristianismo também é a religião de Estado de diversos países. Pedro, portanto, foi o primeiro papa, e seus sucessores – os papas – são a autoridade máxima da Igreja. Os católicos romanos acreditam no poder de intercessão dos santos e admitem a utilização de imagens em seus rituais, o que não significa adoração a elas. A maioria dos católicos da atualidade é habitante das Américas, da Europa, da Austrália, da Nova Zelândia e da África.

IGREJA CATÓLICA ROMANA

Considerada a igreja fundada pelo próprio Cristo, que teria delegado a Pedro a tarefa de conduzir o povo cristão na fé. Pedro, portanto, foi o primeiro papa, e seus sucessores – os papas – são a autoridade máxima da Igreja. Os católicos romanos acreditam no poder de intercessão dos santos e admitem a utilização de imagens em seus rituais, o que não significa adoração a elas. A maioria dos católicos da atualidade é habitante das Américas, da Europa, da Austrália, da Nova Zelândia e da África.
IGREJA ORTODOXA

A disputa política entre o Império Romano do Ocidente e o do Oriente provocou a primeira grande divisão do cristianismo. Em 1504, o patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, temendo que sua autoridade fosse considerada menor do que a do papa declara-se independente de Roma. Tentativas de conciliação entre as duas igrejas foram feitas, mas a divisão foi permanente, apesar das semelhanças de doutrina e de culto. A Igreja Ortodoxa subdividiu-se e as principais são a russa, grega e romena.

COMO SURGIRAM AS IGREJAS PROTESTANTES?

Elas surgiram a partir do inconformismo do padre alemão Martinho Lutero (1483-1546) em aceitar algumas práticas da Igreja Católica. Lutero atacava duramente a venda de indulgências, ou seja, a obtenção de perdão para um determinado pecado em troca de dinheiro. No dia 31 de outubro de 1517, Lutero pregou na porta de uma igreja de Wittenberg, na Alemanha, um manifesto com 95 teses em que atacava não só a venda de indulgências, como também outros procedimentos da Igreja Católica, como a negociação de cargos eclesiásticos. O papa Leão X exigiu uma retratação do padre, ameaçando condená-lo por heresia. Mas Lutero não voltou atrás e rompeu com a Igreja Católica, dando início à chamada Reforma Protestante, movimento que se espalhou pela Europa, impulsionado pela maior flexibilidade religiosa que oferecia. Os inimigos dos reformistas passaram a se referir a seus seguidores como "luteranos". Estes, por sua vez, preferiam ser chamados de "evangélicos", termo hoje muito usado para se referir aos fiéis das igrejas protestantes. A liberdade pregada por Lutero acabaria abrindo espaço para o surgimento de várias correntes religiosas. “O protestantismo tem uma pedra fundamental: a autonomia”. “A ideia de que só Deus salva, a subjetividade do indivíduo e a possibilidade de assumir e viver as diferenças vai gerar uma variedade enorme de igrejas”, diz o cientista da religião João Décio Passos, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Isso ajuda a entender por que hoje existem tantas ramificações entre os protestantes. Crença na autonomia. Liberdade pregada por Lutero deu origem a várias correntes religiosas.

 REFORMA PROTESTANTE

LUTERANOS

A ruptura de Luterano com os católicos, em 1517, lançou as bases para a expansão do protestantismo. Os luteranos condenavam o comportamento moral dos padres católicos e acreditavam que a salvação estava nas escrituras sagradas.

PRESBITERIANOS

Inspirados no teólogo francês João Calvino (1509-1564), pregavam a predestinação divina: ou seja, só os eleitos por Deus se salvariam. O teólogo holandês James Arminius (1560-1609) criaria depois outra vertente do presbiterianismo: o Arminianismo.

ANGLICANOS

O rei inglês Henrique VIII (1491-1547) queria anular seu primeiro casamento para se unir a outra mulher. Após a recusa do papa Clemente VII, ele rompeu com a Igreja Católica e criou a anglicana em 1534, ficando livre da interferência papal.

BATISTAS

O movimento Ana batista já existia quando Lutero começou a questionar a Igreja Católica. Mas, como outras correntes protestantes, o movimento só ganhou expressão após a Reforma. Acabou dando origem à Igreja Batista.

METODISTAS

Surgiram na Inglaterra no século 18, propondo reformar a Igreja Anglicana. Baseadas na crença da salvação pela fé em Cristo, as ideias metodistas não conseguiram mudar os anglicanos, mas deram origem a uma nova corrente protestante.

PENTECOSTAIS

Começaram a aparecer no início do século 20 como uma dissidência dos metodistas. Em 1910, foi fundada a Congregação Cristã do Brasil; no ano seguinte, a Assembleia de Deus, e em 1962, Deus é Amor. Os pentecostais creem na cura pela fé.

                         NEO PENTECOSTAIS 
               
Fazendo parte do grupo a Igreja Universal do Reino de Deus, de 1977, e a Igreja Renascer em Cristo, de 1986. Os neo pentecostais têm em comum a adoção da mídia para pregar aos fiéis, além dos cultos espetaculares e a realização de exorcismos.

RELIGIÕES ESPIRITUALISTAS

São as que seus seguidores acreditam na manifestação e intervenção dos espíritos. Entre elas, destacam-se o espiritismo e as religiões Afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé. O espiritismo, o candomblé e a umbanda não são consideradas religiões cristãs por muitos teólogos do sincretismo conservador. Mas, pelo sincretismo religioso e pelo fato de as religiões espirituais não excluírem outros cultos, muitos cristãos participam dos ritos dessas religiões, muitas vezes elas são classificadas e buscadas como cristãs.

RELIGIÕES PROFÉTICAS

São aquelas que fundamentam sua doutrina na revelação de Deus por meio dos profetas ou do próprio Cristo (no caso do cristianismo). Além do cristianismo, são religiões proféticas o judaísmo (o profeta é Moisés) e o islamismo (o profeta é Maomé).

RELIGIÕES SAPIENCIAIS

São aquelas que nascem da experiência humana, sem qualquer revelação e sem a manifestação dos espíritos. Seus adeptos buscam investigar a alma com uma reflexão sobre si mesmo, mas seguem os ensinamentos de grandes mestres. Estão neste grupo o hinduísmo, o budismo, o jainismo, o taoismo e o confucionismo.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

POSTADO POR MESTRE BICHEIRO



sábado, 3 de agosto de 2013

03 DEAGOSTO



“O GRUPO NEGRO FUJÃO
SAÚDA TODO O GRUPO
E A TODOS CAPOEIRISTA


Hoje, 03 de agosto, é celebrado o "dia do capoeirista", uma data comemorativa que se popularizou entre os capoeiristas de todo o Brasil. Resolvi pesquisar um pouco mais sobre essa dia e fazer algumas reflexões. Antes que alguém diga, minha intenção não é desvalorizar essa data, pelo contrário, tenho um respeito profundo demais pela capoeira, quem me conhece sabe disso, para tentar fazer algo que diminua seu valor. Porém, gosto de estudar e analisar as coisas. Procuro sempre compreender aquilo que me cerca e se desconheço algo, procuro conhecer. Uma data como essa não podia passar batido. Bem, o ponto de partida da minha reflexão se inicia com um questionamento acerca dessa data: já que temos muitas datas importantes na capoeira que poderiam marcar essa comemoração, por que especificamente o dia 03 de agosto foi escolhido?Pensei um bocado tentando identificar o que haveria acontecido de relevante para a capoeira nesse dia, a ponto de ser instituído como o dia do capoeirista. Dei uma vasculhada na memória e na internet buscando algum fato histórico que tenha acontecido nessa data, mas não encontrei nada. Na internet existem vários comentários nesse mesmo sentido, mas nenhuma explicação satisfatória. A primeira dica surgiu quando localizei a norma jurídica que provavelmente deu origem a essa comemoração. É a Lei nº 4.649 de 07 de agosto de 1985 do estado de São Paulo e de autoria do deputado Tonico Ramos. Analisando os fatos, percebe-se que provavelmente a escolha da data foi aleatória, ou refere-se a alguma peculiaridade da capoeira paulista (camaradas paulistas se souberem algo relativo ao assunto está interessados em saber). Tentei localizar o projeto de lei no site da Assembleia Legislativa de São Paulo, mas o projeto não existe digitalizado, então só dá pra consultar indo lá pessoalmente. Talvez com a leitura da justificativa e os fundamentos do projeto dessa lei seja possível encontrar algo relativo a escolha da data.Reparem que a legislação é estadual e não nacional como muitos pensavam .
Assim, as comemorações em tese deveriam se restringir ao estado de São Paulo, mas a data caiu no gosto da capoeiragem e é nacionalmente aceita por muitos como um dia de celebração.A exemplo de São Paulo, outros estados e municípios brasileiros também promulgaram leis semelhantes instituindo em datas distintas o dia do capoeirista, dia da capoeira ou a semana municipal da capoeira. Abaixo seguem alguns exemplos:
- Lei Estadual nº 3.778 de 15/03/02: institui o dia da capoeira no estado do Rio de Janeiro em 23/11;
- Lei Municipal nº 8.212 de 05/04/10: institui o dia da capoeira no município de Florianópolis em 01/08;
- Lei Municipal nº 9.470 de 19/05/04 e Lei Municipal 8.940 de 08/07/02: institui a Semana Municipal de Capoeira no município de Porto Alegre entre os dias 1º e 7 de agosto
Aqui no Ceará temos:
- Lei Estadual nº 14.925 de 24 de maio de 2011: instituiu no estado do Ceará o Dia da Capoeira em 20 de novembro;
- Lei Municipal nº 9.041 de 21 de novembro de 2005: instituiu no município de Fortaleza a Semana Municipal de Capoeira na semana que incidir o dia 20 de novembro.Há ainda muitos quem consideram o dia 15 de julho como sendo o Dia Nacional da Capoeira, pois foi nessa data que em 2008 o Iphan registrou a capoeira como patrimônio cultural brasileiro. Paralelamente, encontrei referência ao dia 03 de outubro como sendo o Dia da Capoeira, mas não consegui localizar o fundamento jurídico dessa data. Se alguém souber, me avise.É importante considerar que para ser uma data comemorativa nacional, a iniciativa deve se dar através de lei e no Brasil ainda não foi publicada uma lei que trate sobre a capoeira nesse sentido. O que existe são projetos de lei que ainda não foram aprovados, mas estão em trâmite na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal. Fazendo uma busca no site do Senado Federal encontrei 2 importantes projetos de lei que estão em movimentação e tratam do Dia Nacional da Capoeira:
- PL 2858/2008 de autoria do Deputado Carlos Zarattini sugerindo o dia 12 de setembro para ser o Dia Nacional da Capoeira e do Capoeirista. Este PL foi apensado ao PL 50/2007 que está na pauta da Comissão de Turismo e Desporto;
- PL 7536/2010 de autoria do Deputado Márcio Marinho sugerindo o dia 20 de novembro para ser o Dia Nacional da Capoeira. Este PL está aguardando parecer da Comissão de Educação e Cultura.Nessa confusão de datas, o que vale é o que se diz por aí: dia da capoeira é todo dia. E mais importante do que debater sobre datas, é que cada um de nós capoeiristas saibamos reconhecer o valor que essa arte ancestral tem e militar todos os dias por sua valorização e preservação.Atualmente a capoeira vivencia uma fase de grande importância em sua trajetória. Dando uma volta ao mundo, a capoeira foi das senzalas ao Senado. Nesse momento, presenciamos a execução de políticas públicas específicas para a capoeira, cabendo a nós participar ativamente desse processo.O que eu desejo aos camaradas capoeiras, não só hoje, mas todos os dias, é que sejamos bons de pernada, mas também bons na papoeira e no debate acerca do futura da nossa capoeira.
                                                            POSTADO POR MESTRE BICHEIRO