Então vamos assim Capoeira!!!
Por Guilherme Arenghi e uma pequena alusão de Mestre Bicheiro.
O Capoeirista livre
Então vamos, o que esta sendo dito.Você é livre para transitar, aprender, aprimorar viver todas situações que o leve ao seu objetivo dentro da Capoeira. Mas vamos enxergar como esta ao nosso redor os fatos e ações dentro dela, a liberdade a qual a capoeira prega e te ensina desde de seus primeiros passos atlético, como também filosóficos, de seus fundamentos e bases distintas, da qual ela carrega dentro de si e conseguiu traze-las de dentro do seu imo até as Eras de nossa atualidade contemporânea. Mas vamos analisar o contexto, como diz um Amigo, Mestre Cinderelo..." Como vai a Capoeira? A capoeira vai muito bem obrigado , quem não esta bem é o capoeirista".
Então vamos refletir sobre esse assunto, por que todo problema vem da mesma maneira entre alguns pseudo capoeiras , e está se tornando mais frequente e ativo dentro do meio. A liberdade que tanto falamos dentro dela e nos orgulhamos em te-las, hoje muitos a usam como forma de desvio moral, ético dos fundamentos da Capoeira, me desculpe aqui a alusão comparativa a qual vou citar. Parecendo com as ações de advogados que conhecem tanto as leis, que enxergam e fazem o mau uso contra a própria lei para contornar e transgredir a própria base em bem próprio. Saiba que o dito popular " Agua demais mata a planta" saber antigo usado para nos alertar sobre o mau causado. Neste ponto comparado com a Capoeira muitos praticantes de pouco gabarito e sem paciência de viver os momentos certos, "Aguardar o seu tempo". Fazem subterfúgios para pular suas graduações, categorias, fases que seriam imprescindível para sua formação tanto acadêmica, qto Experimental. E atrás deles ficam buscando adeptos com sua mesma intenção e falta de caráter, não para nós claro e sim para a própria capoeira. Ai nao valorizando sua merecida História de resistência, hierarquia,e fundamento. Passando assim a enganar com suas falsas promessas de glória. Entao cuidado liberdade de mais se torna Caos. Reflitam e vamos cuidar mais de nosso bem mais precioso e tentar passar lá para mais cem anos sem tanto danos a sua completude.
Por Mestre Bicheiro
O CAPOEIRISTA LIVRE
Atire o primeiro dobrão quem nunca ouviu dizer que fulano de tal (percebo uma redundância aqui?!) é um capoeirista completo. Acho essa ideia de completude um tanto vaga e é exatamente sobre isso que falarei. Vem comigo? Como já sabemos, a capoeira é uma arte antropofágica, e assim sendo, sua formação provém de distintos e diversos folguedos populares da África e Brasil Africano. A priori de seu surgimento, temos como agregado a ela, o samba, a ritualística religiosa e as cantigas como forma de expressão.
Com o tempo e o aumento de adeptos, a capoeira foi tomando novas formas e bebendo de outras águas, sendo usada como instrumento por inúmeros políticos e também pela força militar brasileira. Apesar de nova, se compararmos com as artes orientais, a capoeira passou de uma arte proibida por lei, para patrimônio cultural imaterial da humanidade, contudo, nesse trajeto foram criadas e recriadas situações que contradizem o verdadeiro sentido da capoeiragem, que aos meus olhos, sempre foi a liberdade.
Atualmente são tantos dogmas, regras, formações e informações que a ancestralidade se esvaziou daquilo que nunca poderia ser vazio, o fundamento. Parafraseando o amigo Tadeu, fundamento vem da nossa percepção mais profunda sobre determinado tema, nessa afirmativa, é perfeitamente cabível que cada mestre líder, tenha um entendimento sobre a ritualística, tradição e afins, resultando num processo de microfundamento, algo como o famoso fundamento da casa. Aliás, talvez essa expressão seja o cerne da problemática aqui apresentada, pois se cada casa possui o seu andamento, onde fica a liberdade do capoeira?
Me lembro das histórias contadas pelos meus mestres, histórias de valentia, seja contra um adversário ou o sistema, mas que ainda assim, por incrível que pareça, essa valentia era contra nós mesmos. O padrão era o treino na academia, rotineiro, mas imprescindível para qualquer um que se preze.
A quebra do sistema provinha das visitas em outras academias e frequente participação em rodas de rua que, atrelado aos treinos rotineiros, moldavam cada capoeirista unicamente. Sem dúvida alguma, toda visita acabava sendo vista como uma espécie de teste para os capoeiristas, onde alguns se testavam no jogo manhoso, outros nas acrobacias, um tanto também se inclinavam para a questão instrumental e, a grande maioria, na luta da capoeira. Isso era o normal da década de 1980-90 e início dos anos 2000, até que muitos mestres começaram a entender que a trocação na capoeira “limava” muitos alunos, gerando menos ganho financeiro. Nesse pensar, alguns mestres começaram a se fechar dentro do próprio grupo, onde só era “rezada a sua cartilha”, quiçá, quem aparecesse, teria que se moldar ao andamento da casa.
Ao passo que isso acontecia cada vez mais, a capoeiragem foi evoluindo sua questão teórico-acadêmica, ampliando o domínio investigativo da História da capoeira e, subjetivamente, criou-se inúmeras verdades para inúmeros grupos Brasil afora. Agora eu vos convido a refletir sobre o estereótipo do bom capoeirista, daquele ser, completo, que faz e acontece. Ele...existe?
Se existe eu não sei, mas sei que aqueles por quem temos uma afinidade maior, o enquadramos nesse âmbito de qualidade, e temo que por mais que eu queira estar errado, os “de fora” são ainda mais endeuzados dos daqui de casa, estranho, não? Como manter a essência de libertação que a capoeira carrega, se estamos acorrentados por um ego que, de certa forma, nos envaidece e nos tornam feitores um dos outros? Você joga a sua capoeira? Você é livre para se manifestar dentro daquilo que entende como capoeira, seja em jogo, musicalidade ou fundamento? Você joga para você ou para agradar alguém? Você tem a consciência de que está sendo livre na roda ou está ha tanto tempo amarrado que a corrente se manifesta numa pseudo-liberdade?
O capoeirista é livre! Bom, é livre desde que não seja na minha casa. É livre sim! Desde que ele consiga arcar com as consequências, né, pois na roda, chora menos quem pode mais, estou certo? Nesse contexto, onde conseguiria apresentar a ideia de completude? Puxa vida, eu sou capoeirista! mas como assim, você não vira mortal? Eu sou capoeirista!
Mas como assim, você não toca atabaque? Eu sou capoeirista! Mas como assim, você não corre roda? Acredito que o capoeira ginga por um linha tênue, onde aplicar e conhecer são dissociáveis, ora, meu colega sabe tocar o atabaque e segura muito bem o ritmo, mas não tem nem ideia do porque está executando determinado toque ou o fundamento daquele andamento para a roda, já meu outro colega, não consegue tirar um bom som do atabaque mas pode facilmente dar uma aula sobre ritmos, fundamentos, tradições, inclusive para aquele excelente tocador. Agora, pergunto novamente, existe a completude dentro da liberdade? Hummm pergunta difícil, né?
Acredito que o inverso poderia comungar, ou seja, a liberdade dentro da completude, porém, essa completude ainda sim estaria dentro de cada casa, cada fundamento. Uma vez que eu apresento minhas limitações para a comunidade que me acolhe, sou livre para explorar as diversas formas de manifestar a cultura, seja na questão musical, intelectual ou ainda, no jogo. Você é completamente livre para capoeirar para você ou ainda se prende no ego, na vaidade. Axé
Por Cm.Guilherme Arenghi